Ágil x Cascata: Qual Metodologia de Gerenciamento de Projetos Escolher?

Antes de mergulharmos diretamente na questão central, é crucial esclarecer o objetivo final do projeto que você almeja concretizar.

Imagine como o produto estará daqui a um mês, seis meses ou um ano. Descreva-o com precisão agora. Isso fornecerá uma perspectiva clara e definirá expectativas sobre a previsibilidade, flexibilidade, agilidade, velocidade de lançamento e o controle de custos ao longo do tempo.

É inegável que, atualmente, adotar abordagens em cascata pode parecer inadequado. Especialmente quando se busca reagir rapidamente às mudanças do mercado, a agilidade é a opção mais lógica. No entanto, se o objetivo for entregar um produto com funcionalidades bem definidas e restritas desde o início, e as equipes não tiverem experiência com metodologias ágeis, um caminho mais conservador como o modelo em cascata pode ser considerado.

Nem todos os casos são tão simples. Vamos explorar como avaliar qual metodologia se adapta melhor ao seu projeto específico.

Como funciona o modelo em cascata?

Em vez de nos aprofundarmos em definições já conhecidas, o resultado prático de um projeto em cascata geralmente se manifesta da seguinte forma:

  • Primeiramente, planeja-se o resultado final desejado e estima-se seu custo aproximado.
  • Inicia-se o processo de levantamento de requisitos, com discussões detalhadas sobre todos os aspectos do produto final, incluindo debates, questionamentos, acordos e confirmações.
  • Elabora-se uma estimativa completa e confirma-se as expectativas orçamentárias.
  • Projeta-se a solução, realizando várias reuniões com as partes interessadas, criando diversos documentos e submetendo-os à revisão. O projeto funcional e técnico final é confirmado e aprovado.
  • Implementa-se a solução com base no projeto, desenvolvendo o produto completo.
  • Inicia-se a fase de testes, abrangendo testes unitários, testes de sistema, testes funcionais, testes de integração, testes de desempenho, testes de regressão, testes de aceitação do usuário e outros, dependendo da cultura da empresa. Toda a documentação é revisada e aprovada pelas partes interessadas.
  • Realiza-se a implantação da solução no ambiente de produção, onde os usuários começam a utilizar o produto completo.
  • Define-se uma fase de suporte para a equipe de desenvolvimento corrigir possíveis erros da solução.

Todo esse processo pode levar de meses a anos. Os usuários só verão os resultados no final, após uma longa espera. Se algo mudar nesse período, será necessário reabrir o projeto, retrabalhá-lo e reaprová-lo, estendendo o cronograma e reiniciando o processo a cada alteração.

Por outro lado, esse modelo oferece fases bem definidas, um orçamento fixo para cada etapa e um prazo determinado. Mesmo com a demora para obter os primeiros resultados, pode ser uma opção preferível se as mudanças forem mínimas.

Como funciona o modelo ágil?

Agora, veja como um projeto pode funcionar no modelo ágil:

  • Define-se a visão de negócios do produto final, com requisitos e expectativas claras sobre o que o produto deve entregar aos usuários.
  • Cria-se uma lista de épicos funcionais e habilitadores técnicos que abrangem essa visão.
  • Realiza-se uma estimativa de alto nível dos épicos e habilitadores para definir expectativas de orçamento e prazo de entrega. Define-se o Produto Mínimo Viável (MVP) e as demais características do produto final.
  • Monta-se uma equipe scrum e agenda-se os sprints dentro do prazo. Divide-se os épicos em recursos e histórias com a equipe, estimando-as e planejando-as para os próximos sprints com base na prioridade.
  • Trabalha-se nas histórias de cada sprint, incluindo todas as atividades necessárias: design, desenvolvimento, testes e implantação. Ao final de cada sprint, apresenta-se o incremento aos usuários e busca-se feedback.
  • Se algo sair do planejado ou houver um resultado desejado, alteram-se as características ou histórias para se adaptar à nova realidade, refletindo isso nos próximos sprints.
  • Após concluir o escopo do MVP, lança-se o produto para os usuários finais para obter feedback rápido da produção.
  • Continua-se desenvolvendo o restante dos recursos com base no feedback dos usuários da versão já lançada do sistema.

Este é apenas um breve resumo, mas a diferença em relação ao modelo em cascata é evidente. Feedback rápido, adaptação, reflexão das necessidades atuais que mudam com o tempo e entrega do primeiro produto de valor no menor tempo possível são características ausentes no modelo em cascata.

Ágil vs. Cascata

Um projeto não pode ser bem-sucedido sem uma metodologia de gestão adequada, que defina processos, métricas, avaliações e formas de trabalho das equipes. As equipes precisam saber as regras a seguir, os marcos a atingir e como medir o sucesso. As partes interessadas precisam entender o que esperar do projeto e quando verão os primeiros resultados.

De forma geral, projetos em ambientes de nuvem tendem a adotar metodologias ágeis, enquanto projetos com infraestruturas locais ainda preferem o modelo em cascata. Isso ocorre porque o ambiente de nuvem se adapta rapidamente às mudanças, enquanto o ambiente local é predefinido e difícil de modificar ao longo do tempo.

Resumo das abordagens Ágil vs. Cascata:

Recurso Abordagem em cascata Abordagem ágil
Tratamento de requisitos do usuário A mudança é tratada como um processo formal (solicitação de mudança). O trabalho pode precisar ser refeito, impactando custos e cronogramas. Adota as mudanças como parte do processo padrão, sem impacto significativo nos custos ou cronogramas.
Planejamento e escopo do projeto Define o escopo no início e segue-o. As fases são rígidas e seguem o plano original. Tem uma visão clara do produto final, mas permite alterações. O trabalho é organizado em sprints com flexibilidade na forma como as tarefas são concluídas.
Acompanhamento do progresso do projeto Acompanha o progresso em cada fase. Atrasos em uma fase podem afetar todo o cronograma do projeto. Acompanha o progresso por meio de sessões de demonstração no final de cada sprint. Concentra-se no produto viável.
Colaboração em equipe Pessoas diferentes em diferentes fases do projeto, interação limitada. Equipe multifuncional com comunicação constante entre os membros da equipe e as partes interessadas.
Gerenciamento de riscos Acompanhamento do status com base no progresso da fase. Responde aos riscos retrospectivamente enquanto adere ao plano. Concentra-se na resolução proativa de dependências entre equipes e atividades. Adapta o plano para eliminar os riscos projetados.
Quadro de implementação Metodologia tradicional. Requer práticas de transformação para se adaptar à abordagem ágil. Envolve mudança de hábitos e mentalidades.

A escolha da metodologia definirá vários aspectos da execução do projeto.

#1. Requisitos do projeto e gerenciamento de mudanças

Um dos aspectos mais importantes é como os requisitos do usuário serão atendidos e qual o processo se houver mudanças. Em um projeto em cascata, todos os requisitos são definidos e aprovados no início. Qualquer alteração é tratada como uma Solicitação de Mudança, necessitando nova validação, acordo e confirmação. O trabalho já realizado pode precisar ser refeito, com custos reajustados e possível extensão do cronograma.

Já no modelo ágil, as mudanças são bem-vindas e tratadas como atividades diárias. As alterações são definidas com as partes interessadas, geralmente após uma demonstração do sprint, e são agendadas para os próximos sprints, sem perda de tempo ou custos. Adapta-se à nova realidade, substituindo o plano original por um novo, sem a necessidade de gerenciamento especial de Solicitações de Mudança.

#2. Planejamento e escopo do projeto

Em um projeto em cascata, todo o escopo é definido e fixado no início, e o plano é baseado nesse escopo. A duração do projeto é dividida em fases específicas (análise, design, desenvolvimento, teste, implantação, suporte e manutenção) e as equipes e recursos são alocados de acordo. O objetivo é seguir o plano original em termos de custos e prazos.

Em um projeto ágil, há uma visão do produto final, mas o caminho para chegar a ele pode mudar livremente. O cronograma é definido com base em uma estimativa preliminar da demanda e da capacidade das equipes. Cada sprint é uma pequena fase com todas as atividades necessárias para lançar o produto incremental.

Em resumo, o modelo em cascata considera as mudanças como uma complicação, enquanto o modelo ágil as trata como algo normal, sem consequências adicionais, resultando em um produto final mais adequado.

#3. Acompanhamento do progresso do projeto

No modelo em cascata, o progresso é acompanhado dentro das fases do projeto. O atraso em uma fase afeta o andamento das demais. É importante monitorar as atividades de cada fase para garantir que progridam linearmente.

No modelo ágil, o progresso é acompanhado com sessões de demonstração no final de cada sprint, sendo o produto viável a principal medida. O objetivo é garantir que cada sprint seja concluído com o conteúdo planejado.

É mais fácil verificar o progresso geral do projeto testando diretamente o incremento atual do produto e retornando imediatamente com feedback concreto.

#4. Colaboração em equipe

No modelo em cascata, as atividades são estritamente separadas, com pessoas diferentes trabalhando em diferentes fases. Já no modelo ágil, há colaboração contínua com todas as partes da equipe. A equipe ágil é multifuncional e capaz de executar todas as atividades do ciclo de vida do produto, com comunicação constante entre a equipe e as partes interessadas externas.

#5. Gerenciamento de riscos

Em um projeto em cascata, o gerenciamento de riscos envolve o acompanhamento do status da fase atual do projeto, com relatórios que indicam se tudo está ok, se há problemas ou se o projeto tem sérios problemas que podem impactar o cronograma ou o orçamento.

No projeto ágil, o foco está em resolver dependências entre equipes e atividades. O objetivo é garantir que nenhuma equipe fique esperando por outra. A solução é alterar o plano para que o risco desapareça, ao invés de descobrir a solução para o risco, mantendo o plano original. A gestão de riscos é proativa, com a adaptação do plano para evitar riscos projetados. No modelo em cascata, os riscos são tratados retrospectivamente, tentando resolvê-los o mais rápido possível, mantendo o plano original.

#6. Estrutura de Implementação

A implementação do modelo em cascata é menos problemática, pois é uma metodologia já praticada há muitos anos. Projetos ágeis exigem transformação para mudar hábitos, mentalidade e formas de trabalho. É um processo difícil, mas os benefícios são significativos na forma de rápida adaptação às novas necessidades do cliente.

Palavras Finais

A menos que o cliente seja muito conservador e não tenha pressa para entregar resultados rápidos, o melhor é modelar as equipes ágeis desde o início. Isso é essencial no mundo atual, mesmo em sistemas locais tradicionais. É importante transformar os processos para alinhá-los às metodologias ágeis, especialmente se a equipe for nova.

Ainda há projetos em que as pessoas se recusam a seguir o modelo ágil, preferindo a organização de trabalho específica para cada fase. Elas esperam que o projeto siga o plano e o orçamento, mas essa decisão as deixa no passado. Pode funcionar por um tempo, mas não por muito.

A seguir, confira o artigo detalhado sobre o ciclo de vida dos testes Agile.