Métodos Ágeis: Guia Completo para Escolher o Framework Ideal

As metodologias ágeis são amplamente adotadas por equipes de desenvolvimento de software contemporâneas, impulsionadas por sua agilidade, adaptabilidade, ciclos de feedback e aprendizado contínuo, além de outras vantagens.

O foco central é a satisfação do cliente, um elemento vital para qualquer negócio.

Em um mercado competitivo, é essencial produzir produtos de alta qualidade dentro dos prazos, atendendo às necessidades e requisitos do cliente.

No entanto, as abordagens tradicionais frequentemente se mostram menos flexíveis e mais demoradas em comparação com o conceito ágil, que enfatiza velocidade e entrega de valor.

É por isso que a mentalidade ágil tem ganhado popularidade nos tempos atuais.

Conforme um estudo, 75% das empresas afirmam que a adoção de práticas ágeis acelerou a entrega de software, enquanto 55% observaram um aumento na produtividade.

Neste artigo, exploraremos as estruturas ágeis em detalhes, auxiliando você na escolha da mais adequada para sua equipe.

Vamos começar!

O que significa ser ágil?

No contexto do desenvolvimento de software, “ágil” refere-se a um conjunto de práticas, abordagens e princípios que visam a entrega de máximo valor no menor tempo possível, minimizando gargalos.

Uma equipe ágil realiza suas tarefas em pequenas etapas, avaliando constantemente os requisitos, resultados e planos de um projeto. Isso garante que as equipes possam responder rapidamente a mudanças e entregar valor ideal aos clientes. As metodologias ágeis promovem melhorias contínuas por meio de ciclos de feedback.

A filosofia ágil se baseia em 12 princípios, conhecidos como o Manifesto Ágil:

  • Priorizar a satisfação do cliente através da entrega antecipada de software de qualidade.
  • Adaptar-se a mudanças em qualquer fase do ciclo de desenvolvimento.
  • Promover a colaboração entre desenvolvedores e stakeholders ou clientes.
  • Entregar software funcional de forma rápida.
  • Envolver indivíduos motivados e confiáveis na equipe ágil.
  • Valorizar a comunicação face a face.
  • Medir o progresso pela entrega de software funcional e de qualidade.
  • Manter um desenvolvimento sustentável, com ritmo constante.
  • Buscar bom design e excelência técnica.
  • Valorizar a simplicidade.
  • Incentivar equipes auto-organizadas.
  • Buscar melhorias contínuas através de avaliações de desempenho.

Por que adotar a agilidade?

A utilização de metodologias ágeis no desenvolvimento de software oferece diversas vantagens para as equipes, como:

  • Satisfação do cliente: As equipes ágeis envolvem os clientes no processo de desenvolvimento, mantendo-os informados sobre o progresso e coletando feedback continuamente. Isso garante que cada tarefa seja realizada alinhada com as expectativas do cliente, resultando em um produto de qualidade e personalizado. Essa abordagem não apenas eleva a satisfação do cliente, mas também aumenta a fidelização.
  • Qualidade superior do produto: A abordagem iterativa das metodologias ágeis permite aprimorar todos os processos e tarefas em cada etapa, resultando em produtos de alta qualidade.
  • Melhor comunicação: A comunicação face a face é priorizada em ambientes ágeis, juntamente com interação contínua para evitar confusões e fomentar o trabalho em equipe. Reuniões diárias garantem que todos os membros compreendam claramente o objetivo final e as tarefas de cada fase.
  • Fluxo de trabalho aprimorado: As equipes ágeis trabalham em ciclos mais curtos e bem definidos, envolvendo todos os membros (de desenvolvedores e gerentes a clientes) com total transparência. Isso facilita a alocação de recursos, avaliação de desempenho e previsão de custos. Consequentemente, todas as tarefas e projetos seguem o planejado, sendo concluídos dentro do prazo e orçamento.
  • Maior flexibilidade: As equipes ágeis podem se adaptar rapidamente a qualquer mudança durante o ciclo de vida do desenvolvimento de software, ao contrário das metodologias tradicionais.
  • Tempo de lançamento mais rápido: A adoção de estruturas ágeis permite que as equipes entreguem produtos em prazos mais curtos, sem comprometer qualidade ou orçamento, conferindo uma vantagem competitiva.
  • Riscos reduzidos: Avaliações regulares do progresso e da qualidade do projeto proporcionam maior visibilidade de todos os seus aspectos (erros, bugs, desempenho dos membros da equipe), permitindo a identificação e resolução de gargalos antes que se tornem problemas maiores.

Agora, vamos explorar os frameworks ágeis e seus tipos.

O que é um framework ágil?

Um framework ágil é uma abordagem específica para o desenvolvimento de software, baseada na filosofia do Manifesto Ágil e seus valores. Envolve pessoas, tarefas e ferramentas para planejar, gerenciar, colaborar e executar o trabalho com foco em agilidade, flexibilidade, desenvolvimento iterativo, valorização das pessoas acima dos processos e feedback contínuo.

Os frameworks ágeis são mais leves do que abordagens tradicionais como Waterfall ou Big Bang, focando na entrega de software funcional, com regras e documentação mínimas.

Existem diversos tipos de frameworks ágeis, cada um com características únicas, mas todos com o objetivo comum de satisfazer o cliente, produzindo e entregando software de qualidade em prazos menores. Eles seguem etapas e processos básicos de gerenciamento de projetos.

Inicialmente, a mentalidade ágil foi desenvolvida para o desenvolvimento de software, mas evoluiu para atender às necessidades de diferentes tipos de equipes e setores. Consequentemente, os frameworks ágeis também evoluíram, resultando na variedade que temos hoje.

Frameworks ágeis mais populares e utilizados

Vamos analisar alguns dos frameworks ágeis mais populares usados no desenvolvimento de software: Scrum, Kanban, Programação Extrema, FDD, Crystal, DSDM e outros.

Scrum

O Scrum, o framework ágil mais popular, é uma abordagem prescritiva que envolve o gerenciamento de projetos em incrementos e iterações. Um relatório indica que é utilizado por 66% das equipes ágeis.

O Scrum é time-boxed, com estágios curtos ou ciclos de desenvolvimento chamados Sprints. Um projeto é dividido em vários Sprints para facilitar o planejamento e a execução. O Scrum é adequado para construir softwares complexos, permitindo que as equipes entreguem produtos de alta qualidade.

As equipes Scrum são organizadas em três papéis principais:

  • O Scrum Master, responsável por gerenciar o projeto e auxiliar a equipe na aplicação e compreensão do Scrum.
  • O Product Owner, responsável por priorizar tarefas e trabalho.
  • Os Desenvolvedores, responsáveis pela criação do produto.

As equipes Scrum realizam reuniões diárias de 15 minutos para avaliar o trabalho, sincronizar atividades, verificar o progresso, planejar o dia e fazer ajustes. Geralmente, os Sprints duram de 2 a 4 semanas. Após cada Sprint, o projeto é reavaliado para identificar áreas de melhoria e priorização.

As equipes Scrum utilizam um Scrum Board para organizar as tarefas, com base em seu progresso geral, seguindo as seguintes etapas:

  • O Product Owner cria uma lista de desejos para todo o trabalho a ser realizado, chamada Product Backlog.
  • O Time Scrum seleciona alguns itens do Product Backlog para planejar sua execução, criando o Sprint Backlog.
  • Uma reunião diária, o Daily Scrum, é realizada para verificar o progresso e sincronizar o trabalho.
  • O Scrum Master garante o foco e a entrega da equipe.
  • A avaliação e o feedback são coletados após cada Sprint, durante as “retrospectivas de sprint”, para melhorias no próximo ciclo.

Benefícios:

  • O Scrum é fácil de escalar e seguir.
  • Permite que as equipes identifiquem problemas precocemente.
  • Promove a colaboração eficaz entre equipes e membros.
  • Capacita as equipes a entregar de forma previsível e rápida.
  • Adapta-se a mudanças de necessidade.

Quando usar o Scrum: O Scrum é mais adequado quando o objetivo do projeto é construir um produto concreto, em vez de um serviço. É ideal para organizações menores, mas pode ser utilizado em outras áreas além do desenvolvimento de software, como design e marketing.

Kanban

A palavra “Kanban” é um termo japonês que significa cartão ou sinal visual.

O Kanban também se concentra em permitir que as equipes colaborem efetivamente para entregar continuamente produtos de software de alta qualidade. É único por sua abordagem visual para o gerenciamento da criação de produtos e baseia-se em seis princípios básicos:

  • Visualização do fluxo de trabalho.
  • Gerenciamento do fluxo.
  • Limitação do trabalho em andamento.
  • Colaboração e melhoria contínua.
  • Implementação de políticas de processo explícitas.
  • Implementação de ciclos de feedback.

Um quadro Kanban é a principal característica desse framework ágil, facilitando a representação visual de todo o progresso da equipe por meio de colunas que indicam o status do trabalho (Concluído, Em Andamento e A Fazer).

A equipe ágil cria um cartão para cada projeto ou tarefa, contendo informações detalhadas sobre a tarefa, status, responsáveis, prazos, entregas, recursos e outros detalhes relevantes. As equipes movem os cartões da esquerda para a direita no quadro, exibindo o status de cada tarefa.

Benefícios:

  • Melhor visibilidade das tarefas e status por meio de “cartões”.
  • Melhora a eficiência do projeto.
  • Maior transparência e colaboração, mantendo todos na mesma página.
  • Permite controlar e limitar tarefas em execução, considerando a capacidade de entrega contínua.
  • Foca no tempo de ciclo, desde o backlog até a conclusão.
  • Oferece maior flexibilidade para adicionar e priorizar itens.
  • Auxilia na identificação do melhor fluxo de trabalho para a equipe.

Quando usar o Kanban: Embora suas raízes estejam na manufatura, o Kanban é amplamente utilizado no desenvolvimento de software e outros projetos (criação de conteúdo, RH, marketing). É ideal para processos ágeis com pequenas mudanças e para equipes que precisam responder rapidamente a solicitações, mantendo o foco.

Programação Extrema (XP)

A Programação Extrema (XP) é um framework ágil adaptado especificamente para programadores. Em vez de etapas, foca em entrega e velocidade contínuas. O XP visa encontrar a forma mais simples de desenvolver um produto, sem enfatizar visões de longo prazo, mas valorizando a satisfação do cliente.

Segue um conjunto de princípios:

  • Simplicidade.
  • Respeito.
  • Feedback.
  • Comunicação.

Neste framework, as equipes se comunicam de forma completa com o cliente para entender a aparência do produto final e seus recursos mais valiosos, usando essas informações para planejar e implementar na produção de software. O feedback frequente garante melhorias contínuas e o atendimento dos requisitos.

Essa abordagem permite que equipes menores produzam software funcional em pequenos incrementos e intervalos, como no Scrum. Geralmente, leva de 1 a 3 semanas para concluir um projeto por meio do XP. Ele permite a fácil incorporação de alterações, mesmo em fases posteriores do SDLC, com testes desde as etapas iniciais para garantir a qualidade do produto.

Seus recursos exclusivos são: programação em pares para maior qualidade, desenvolvimento orientado a testes, integração contínua e envolvimento mais próximo do cliente em cada etapa.

Benefícios:

  • Código mais simples e documentação mínima.
  • Melhor visibilidade do processo e do ciclo de desenvolvimento.
  • Resultados rápidos devido a testes constantes.
  • Cada questão é tratada por toda a equipe, promovendo engajamento, comunicação e colaboração.
  • Maior eficiência e produtividade, com menos confusão e conflitos.

Quando usar XP: O XP é ideal para equipes menores, com desenvolvedores experientes em XP, boas habilidades de comunicação e propensão a colaborar com stakeholders de outros departamentos além da TI.

Desenvolvimento Orientado a Funcionalidades (FDD)

O Desenvolvimento Orientado a Funcionalidades é uma estrutura ágil que começa com um modelo de desenvolvimento de software mais robusto e se torna mais granular conforme o projeto avança. Seu objetivo é produzir um produto de software funcional em velocidade contínua.

Utiliza o conceito JEDI (“just enough design initially” – design suficiente inicialmente).

As etapas envolvidas no framework FDD incluem:

  • Coleta de requisitos e desenvolvimento de um modelo geral.
  • Criação de um conjunto de recursos para o software.
  • Planejamento por recurso.
  • Design por recurso.
  • Construção por recurso.

O FDD utiliza incrementos de aproximadamente duas semanas, tendo em mente planejar, projetar e construir por recurso. Sua abordagem centrada em recursos ajuda a entregar produtos com funcionalidades ricas, conforme exigido pelo cliente. Um plano separado de design e desenvolvimento é criado para cada recurso de software, exigindo documentação rigorosa.

Benefícios:

  • Fácil de escalar de equipes menores para projetos maiores.
  • Ajuda as equipes a produzir softwares ricos em recursos.
  • Desenvolvimento e entrega mais rápidos.
  • Iterações contínuas para melhorar a qualidade do produto.

Quando usar o FDD: É adequado para equipes com fortes habilidades de planejamento e design.

Crystal

O framework Crystal é um modelo leve de desenvolvimento de software, centrado em pessoas, comunidade, comunicação, habilidades e talentos. Prioriza as interações entre os membros de um projeto, mais do que processos e ferramentas, um dos princípios centrais da filosofia ágil.

O Crystal permite que as equipes entreguem software com frequência e antecipadamente, incentivando o envolvimento do usuário e eliminando silos. Ele se adapta a cada projeto, permitindo que as equipes desenvolvam seus próprios processos e se ajustem conforme necessário, classificando cada projeto com base no tamanho da equipe, prioridades e criticidade do sistema. Inclui:

  • Crystal Clear, para equipes de até 8 membros.
  • Crystal Yellow, para equipes de 10 a 20 membros.
  • Crystal Red, para equipes de 20 a 50 membros.
  • Crystal Orange, para equipes de 50 a 100 membros.

Cada modelo Crystal tem sua própria estrutura ágil, sendo sua característica marcante a comunicação constante entre todos os envolvidos no projeto. O feedback e a comunicação regulares garantem a qualidade do produto e a satisfação do cliente.

Benefícios:

  • Melhora a colaboração, transparência e confiança entre membros da equipe.
  • Desenvolve habilidades.
  • Acelera a entrega de software.
  • Reduz atritos.

Quando usar o Crystal: É ideal para equipes espalhadas geograficamente que precisam de comunicações simplificadas.

Método de Desenvolvimento de Sistema Dinâmico (DSDM)

O DSDM, originado na década de 1990, concentra-se na entrega rápida de produtos de software. Evoluiu desde então para oferecer recursos aprimorados, como maior envolvimento do usuário, testes integrados e colaboração entre as partes interessadas, para atender a valores e necessidades de negócios.

Esse framework ágil enfatiza todas as etapas do projeto, desde a concepção até a entrega final, exigindo retrabalho e permitindo a incorporação de alterações em qualquer fase do SDLC. Semelhante a outros frameworks, o DSDM utiliza Sprints e pode ser usado em conjunto com XP e Scrum.

Benefícios:

  • Maior controle com produção de qualidade.
  • Adaptado às necessidades do negócio.
  • Colaboração aprimorada por meio de interações claras e contínuas.
  • Desenvolvimento iterativo e entrega rápida.

Quando usar o DSDM: É adequado para organizações que buscam entrega rápida de software e flexibilidade para fazer alterações conforme necessário.

Outras estruturas

Além dos frameworks mencionados, outros importantes incluem:

Desenvolvimento Rápido de Aplicações (RAD): Surgiu por volta dos anos 80 e inspirou diversos frameworks ágeis. Utiliza prototipagem em vez de planejamento rigoroso e iterações rápidas (Sprints).

Desenvolvimento de Software Adaptativo (ASD): Baseado no RAD, concentra-se nos usuários finais do software. Promove a transparência e comunicação entre equipe de desenvolvimento e cliente, e inclui uma abordagem adaptativa ao desenvolvimento, com aprendizado e colaboração contínua.

Disciplined Agile (DA): Envolve um SDLC focado no aprendizado e na priorização de usuários e pessoas. É adequado para equipes maiores e muitos trabalhadores remotos.

Scaled Agile Framework (SAFe): Combina elementos do Scrum, XP e Kanban com as filosofias Agile, DevOps e Lean, criando um modelo para grandes equipes.

Scrum em Grande Escala (LeSS): Utiliza os fundamentos do Scrum para diversas equipes que trabalham no mesmo produto ou fluxo de valor. É uma alternativa mais leve ao SAFe.

Desenvolvimento Lean de Software (LSD): Foca em princípios como entrega rápida, eliminação de desperdícios, adiamento de decisões, aprendizado contínuo, empoderamento das equipes, visibilidade e integridade. O LSD é fácil de escalar e adaptar, facilitando a colaboração dos funcionários.

Conclusão: Qual framework ágil escolher?

Após explorar os frameworks ágeis, a escolha do mais adequado para o processo de desenvolvimento pode gerar dúvidas.

Não existe uma estrutura perfeita, e a escolha depende de fatores como tamanho da organização, maturidade ágil, requisitos dos clientes, recursos disponíveis e portfólio de produtos.

Portanto, selecione o framework ágil que melhor se alinha com esses parâmetros para adotar a agilidade e experimentar seus benefícios em todo o SDLC.

Agora, você pode pesquisar algumas das melhores ferramentas de scrum para pequenas e médias empresas.