Segurança Móvel em 2023: O Hacking Ainda é uma Ameaça?

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By luis

Na era atual, onde a digitalização é predominante, a nossa dependência de dispositivos móveis alcançou níveis sem precedentes. Paralelamente ao avanço contínuo da tecnologia móvel, os riscos inerentes também se multiplicam. É importante notar que, enquanto a tecnologia se desenvolve, as medidas de segurança cibernética também evoluem. Este artigo visa explorar se as atividades de *hacking* direcionadas a dispositivos móveis continuarão a ser uma preocupação relevante em 2023.

A Progressão das Ameaças de *Hacking* Móvel Através dos Anos

Inicialmente, os telemóveis eram usados apenas para funções básicas como chamadas e envio de mensagens de texto. No entanto, evoluíram para computadores sofisticados que cabem no nosso bolso. Esta trajetória, ao longo de várias décadas, não só revolucionou a forma como interagimos com a tecnologia, mas também trouxe uma evolução paralela dentro da comunidade de *hackers*.

Na década de 2000, os primeiros anos da era dos telemóveis, surgiram ameaças como escutas telefónicas. Os *hackers* aproveitaram as oportunidades para interceptar chamadas e mensagens de texto, utilizando estas táticas como estratégias para alcançar os seus objetivos maliciosos.

A década seguinte, a de 2010, assinalou o início da era dos *smartphones*, que introduziu um aumento exponencial das potenciais ameaças. A integração da conectividade à Internet e a variedade de aplicações transformaram os *smartphones* em verdadeiros tesouros para os *hackers*. Este ambiente resultou na proliferação de ataques de *malware*, *spyware* e *phishing*, que se tornaram ocorrências comuns.

Na década atual, a de 2020, a importância dos dispositivos móveis, tanto a nível profissional como pessoal, intensificou os riscos relacionados com as ameaças à segurança. Os *hackers* refinaram as suas táticas, tornando-as mais sofisticadas do que nunca. Desde Ameaças Persistentes Avançadas (APTs) até *ransomware* adaptado especificamente para plataformas móveis e ataques direcionados de *spyware*, o leque de potenciais perigos expandiu-se, projetando uma sombra ameaçadora sobre o cenário digital.

A evolução dos dispositivos móveis espelhou o desenvolvimento das técnicas de *hacking*. O que começou como uma simples escuta telefónica nos primórdios da comunicação móvel transformou-se num desafio complexo e multifacetado. À medida que os dispositivos móveis continuam a avançar, também aumenta a astúcia daqueles que procuram explorar as suas vulnerabilidades.

Vulnerabilidades Exploradas em Dispositivos Móveis

No domínio dos sistemas operativos, tanto o Android como o iOS são alvos de potenciais explorações. Apesar do lançamento regular de *patches* e atualizações, a extensão do seu código base possibilita o aparecimento de vulnerabilidades, que podem passar despercebidas e persistir.

O panorama das lojas de aplicações apresenta uma realidade dupla. Plataformas oficiais como o Google Play e a Apple App Store adotam procedimentos rigorosos de verificação para proteger os utilizadores de aplicações nocivas. No entanto, as lojas de aplicações de terceiros tornaram-se um terreno fértil para *software* malicioso. Frequentemente disfarçadas de aplicações legítimas, estas aplicações fraudulentas visam recolher dados confidenciais ou inserir *malware* em dispositivos desavisados.

Apesar de a conveniência da conectividade Wi-Fi e Bluetooth melhorar as nossas experiências digitais, também abre caminho para potenciais violações de segurança. O ataque “BlueBorne” é um exemplo, que evidencia como estas ferramentas, aparentemente inofensivas, podem ser suscetíveis a exploração caso não sejam protegidas com medidas de segurança robustas.

Curiosamente, uma fraqueza frequente na cadeia de defesa digital não está, muitas vezes, na tecnologia em si, mas no comportamento dos seus utilizadores. A falibilidade humana manifesta-se quando os indivíduos comprometem, inadvertidamente, a sua segurança através de ações como a utilização de palavras-passe fracas ou ao clicar em *links* suspeitos. Estes comportamentos, aparentemente inócuos, abrem caminho para os *hackers* acederem aos dispositivos.

As vulnerabilidades no domínio da segurança móvel emergem da junção de diversos elementos, desde a codificação complexa que forma a base dos sistemas operativos até à disseminação de aplicações perigosas nas lojas de terceiros.

Esta interação destaca a importância de uma compreensão abrangente do panorama de ameaças, onde uma análise detalhada destas facetas interligadas se torna essencial.

Análise Geral dos Incidentes de *Hacking* Móvel em 2023

Crédito da imagem: KasperskyContentHub

Uma recente Análise da Lista Segura de Dados Kaspersky referente ao primeiro trimestre de 2023 oferece uma visão abrangente sobre a natureza e a dimensão das ameaças que os utilizadores de dispositivos móveis enfrentam nos dias de hoje.

Em 2022, a Kaspersky identificou 516.617 amostras de *malware* adaptadas para plataformas móveis durante o primeiro trimestre. Este número demonstra o investimento dos adversários cibernéticos na exploração de utilizadores de dispositivos móveis. No entanto, verificou-se um decréscimo no segundo trimestre, com o número a cair para 405.684 amostras de *malware*, o que representa uma redução superior a 20%. No terceiro trimestre seguinte, os números aumentaram novamente para 438.035, sugerindo que os cibercriminosos estavam a aperfeiçoar as suas táticas em resposta aos mecanismos de defesa ou às tendências do mercado.

Contudo, no final de 2022, o quarto trimestre revelou uma desaceleração acentuada, com o número de *malware* a cair para 276.319. Esta redução significativa pode ter várias interpretações: práticas melhoradas de cibersegurança poderão estar a dissuadir os atacantes, ou estes adversários poderão estar a diversificar as suas táticas ou a migrar para outras plataformas potencialmente vulneráveis.

No início de 2023, verificou-se um aumento moderado, com 307.259 *malware* detetados no primeiro trimestre. Isto sugere que, embora os números possam não ter atingido os níveis alarmantes do início de 2022, o *hacking* móvel continua a ser uma preocupação relevante que exige atenção.

Quais Métodos de Ataque São Mais Frequentes?

É útil analisar o último trimestre de 2022 para observar as atividades de ameaças móveis mais recentes. De acordo com um Relatório da Avast, o *adware* falso foi particularmente eficaz no quarto trimestre de 2022.

Através de métodos criativos para gerar receita publicitária, o *adware* infiltra-se nos dispositivos dos utilizadores e exibe anúncios intrusivos. O *adware* é difícil de detetar, pois esconde a sua presença de forma inteligente. Os utilizadores de dispositivos móveis, muitas vezes, não se apercebem da origem destes anúncios.

Os utilizadores que desejam evitar esta situação utilizam *software* e ferramentas de bloqueio de anúncios. Contudo, de acordo com o relatório da Avast, este é também um risco bastante elevado. Isto porque os utilizadores podem instalar bloqueadores de anúncios falsos e não oficiais, desconhecendo quem os desenvolveu, o que causa grandes problemas de segurança.

Em resumo, as ameaças não se restringem apenas a *malware*. As ameaças podem surgir em *websites* com conteúdo falso que visitamos na Internet.

As flutuações dos números ao longo destes cinco trimestres não só evidenciam os altos e baixos das ameaças móveis, como também realçam a resiliência e adaptabilidade dos atacantes. Dada a vasta diversidade de dispositivos móveis, sistemas operativos e aplicações, os potenciais vetores de ataque são variados. Isto significa que os cibercriminosos podem, e irão, ajustar as suas metodologias em função das mudanças nas estratégias de defesa, das tecnologias emergentes e da dinâmica do mercado.

Os dados do primeiro trimestre de 2023 podem não corresponder aos níveis alarmantes do ano anterior, mas servem como um lembrete de que a ameaça de *hacking* móvel continua presente. A oscilação dos números ilustra o jogo do gato e do rato entre defensores e atacantes, e sublinha a necessidade de vigilância contínua, da educação dos utilizadores e da evolução constante dos mecanismos de defesa.

É importante ter em conta que, estatisticamente, uma diminuição do número de *malware* recentemente lançado não significa que as ameaças tenham diminuído. É necessário considerar fatores como o número de utilizadores de dispositivos móveis, as estruturas arquitetónicas das tecnologias alvo e o nível de eficácia do novo *malware*.

O Papel da Sensibilização e Educação do Utilizador na Prevenção de *Hacking* Móvel

Aumentar a sensibilização dos utilizadores e promover a sua formação é crucial no combate ao *hacking* móvel. À medida que a tecnologia avança, também as táticas cibercriminosas. Embora as medidas de segurança se adaptem para combater estas ameaças, muitas tentativas de *hacking* visam comportamentos dos utilizadores, como clicar em *links* maliciosos ou utilizar palavras-passe fracas. A sensibilização dos utilizadores para as ameaças potenciais e as ações seguras *online* reduz a probabilidade de os *hackers* explorarem estas vulnerabilidades.

Campanhas regulares de educação e sensibilização capacitam os utilizadores a detetar e reagir a atividades suspeitas. Os utilizadores instruídos não só se protegem como também fortalecem todo o ecossistema digital.

*Hacking* Móvel é uma Realidade

Existem diversas formas através das quais um *hacker* pode explorar um *smartphone*, seja através de *malware*, vulnerabilidades ou outros meios. É crucial manter-se atualizado sobre os tipos de ameaças existentes e proteger o dispositivo da melhor forma possível. Desta forma, é possível evitar que atores maliciosos acedam aos seus dados.