Já ponderou sobre a possibilidade de superar os hackers no próprio terreno deles? Ou talvez esteja exausto de se defender contra as investidas de cibercriminosos? Em ambos os casos, é o momento ideal para explorar o universo dos honeypots e honeynets.
Ao mencionarmos honeypots, estamos nos referindo a sistemas computacionais minuciosamente elaborados para atrair invasores, registrando cada movimento executado por eles. Encare isso como um sistema de coleta de informações estratégicas.
No cenário digital atual, contabilizamos mais de 1,6 milhão de websites. Hackers perscrutam incansavelmente a internet em busca de sistemas com proteção deficiente. Um honeypot representa um alvo intencionalmente vulnerável, concebido para induzir a penetração, embora esteja totalmente monitorizado. Caso um invasor consiga infiltrar-se no seu sistema, você terá a oportunidade de aprender o método empregado por ele, munindo-se das últimas técnicas de exploração aplicadas à sua organização.
Este artigo aborda os honeypots e honeynets, aprofundando-se na sua essência para enriquecê-lo neste campo da segurança cibernética. Ao final da leitura, você deverá possuir um domínio sólido sobre essa área e a sua relevância para a segurança.
Os honeypots visam confundir o invasor e analisar o seu comportamento, de modo a aprimorar as suas políticas de segurança. Vamos nos aprofundar nesse tema.
O que é um Honeypot?
Um honeypot é um mecanismo de segurança implementado para estabelecer armadilhas para invasores. O processo envolve comprometer deliberadamente um sistema computacional, permitindo que o hacker explore as vulnerabilidades de segurança existentes. O seu objetivo é estudar os padrões de atuação do invasor e, com o conhecimento obtido, otimizar a arquitetura de segurança do seu produto digital.
Um honeypot pode ser implementado em qualquer recurso computacional, incluindo software, redes, servidores de arquivos, roteadores, entre outros. A equipe de segurança da sua organização pode empregar honeypots para investigar incidentes de segurança cibernética, recolhendo informações sobre as táticas utilizadas pelos cibercriminosos.
Ao contrário das medidas tradicionais de segurança cibernética, que por vezes atraem atividades legítimas, os honeypots reduzem o risco de alarmes falsos. Os honeypots variam em termos de design. Contudo, todos eles são concebidos para parecer legítimos e vulneráveis, de forma a atrair cibercriminosos.
Por que utilizar Honeypots?
Os honeypots em segurança cibernética servem a dois propósitos principais: pesquisa e produção. Na maioria dos casos, os honeypots equilibram a erradicação e a coleta de informações sobre o cibercrime antes que alvos legítimos sejam atacados, além de desviar os invasores dos alvos reais.
Os honeypots são eficientes e de baixo custo. Em vez de dispender tempo e recursos na caça a hackers, basta esperar que eles ataquem alvos falsificados. Deste modo, você tem a possibilidade de monitorar os invasores enquanto eles acreditam ter penetrado no seu sistema, tentando roubar informações.
Pode-se utilizar honeypots para avaliar as tendências mais recentes de ataque, identificar as fontes de ameaças originais e estabelecer políticas de segurança que minimizem ameaças futuras.
Projetos de Honeypots
Os honeypots são classificados de acordo com os seus objetivos e níveis de interação. Analisando os objetivos dos honeypots, verificamos que existem dois projetos: honeypots de pesquisa e produção.
- Honeypot de produção: implementado em produção, em paralelo aos servidores. Este tipo de honeypot atua como a armadilha de primeira linha.
- Honeypot de pesquisa: esta categoria está ligada explicitamente a investigadores e é usada para analisar ataques de hackers, orientando sobre técnicas para prevenir estes ataques. Eles enriquecem o seu conhecimento com dados rastreáveis quando são roubados.
A seguir, iremos explorar os diversos tipos de honeypots.
Tipos de Honeypots
Existem diversas configurações de honeypots, cada uma com uma estratégia de segurança abrangente e eficaz, adaptada à ameaça que você pretende identificar. Apresentamos aqui uma análise dos modelos disponíveis.
#1. Armadilhas de E-mail
Também conhecidas como armadilhas de spam. Este tipo de honeypot aloca endereços de e-mail fictícios em locais ocultos, acessíveis apenas a coletores de endereços automatizados. Visto que os endereços não são utilizados para nenhuma outra finalidade, é certo que qualquer e-mail enviado para eles será spam.
Todas as mensagens com conteúdo similar ao da armadilha de spam podem ser bloqueadas automaticamente do sistema, e o endereço IP do remetente é adicionado à lista de rejeição.
#2. Banco de Dados Isca
Nesse modelo, configura-se um banco de dados para acompanhar vulnerabilidades de software e ataques que exploram arquiteturas inseguras, injeções de SQL, outras explorações de serviço e abuso de privilégio.
#3. Honeypot de Aranha
Esta categoria intercepta rastreadores da Web (spiders), criando websites e páginas da Web acessíveis unicamente por rastreadores. Se conseguir identificar rastreadores, você tem a capacidade de bloquear bots e rastreadores de redes de anúncios.
#4. Honeypot de Malware
Este modelo imita programas de software e interfaces de aplicativos (APIs) para atrair ataques de malware. Você pode analisar as características do malware para desenvolver software antimalware ou lidar com endpoints de API vulneráveis.
Os honeypots também podem ser analisados numa outra dimensão, com base nos níveis de interação. Apresentamos aqui um detalhamento:
- Honeypots de baixa interação: esta categoria oferece ao invasor algumas informações e controle limitado da rede. Estimula serviços frequentemente requisitados por invasores. Esta técnica é considerada menos arriscada, pois envolve o sistema operacional primário na sua arquitetura. Embora necessitem de poucos recursos e sejam fáceis de implementar, podem ser facilmente identificados por hackers experientes, que podem contorná-los.
- Honeypots de média interação: este modelo permite um nível de interação superior com hackers, em comparação com os de baixa interação. São concebidos para esperar por determinadas atividades e oferecer respostas específicas, para além da interação básica ou baixa.
- Honeypots de alta interação: neste caso, oferece-se ao invasor um vasto leque de serviços e atividades. Dado o tempo que o hacker necessita para contornar os seus sistemas de segurança, a rede consegue reunir informações sobre ele. Portanto, estes modelos envolvem sistemas operacionais em tempo real e acarretam riscos caso o hacker identifique o seu honeypot. Apesar de serem dispendiosos e complexos de implementar, fornecem um amplo conjunto de informações sobre o hacker.
Como funcionam os Honeypots?
Fonte: wikipedia.org
Em comparação com outras medidas de defesa de segurança cibernética, os honeypots não representam uma linha de defesa clara, mas sim uma forma de obter segurança avançada em produtos digitais. Um honeypot se assemelha a um sistema computacional legítimo e é carregado com aplicativos e dados que os cibercriminosos consideram alvos ideais.
Por exemplo, você pode carregar o seu honeypot com dados fictícios e confidenciais de clientes, como números de cartão de crédito, informações pessoais, detalhes de transações ou informações de contas bancárias. Em outros casos, o seu honeypot pode simular um banco de dados com segredos comerciais fictícios ou informações de grande valor. Independentemente de utilizar informações ou fotos comprometidas, o objetivo é atrair invasores que pretendem coletar informações.
À medida que o hacker invade o seu honeypot para aceder aos dados de isca, a sua equipe de tecnologia da informação (TI) observa a sua abordagem para violar o sistema, analisando as várias técnicas empregadas, bem como as falhas e os pontos fortes do sistema. Este conhecimento é então utilizado para aprimorar as defesas gerais, reforçando a rede.
Para atrair um hacker para o seu sistema, é fundamental criar algumas vulnerabilidades que possam ser exploradas. Pode atingir esse objetivo expondo portas vulneráveis que oferecem acesso ao seu sistema. No entanto, os hackers também são suficientemente astutos para identificar honeypots, que os desviam dos alvos reais. Para garantir que a sua armadilha funciona, você deve criar um honeypot atrativo, que chame a atenção e pareça autêntico.
Limitações do Honeypot
Os sistemas de segurança Honeypot limitam-se a detetar brechas de segurança em sistemas legítimos, não identificando o invasor. Existe também um risco associado. Se o invasor explorar com sucesso o honeypot, ele tem a capacidade de invadir toda a sua rede de produção. O seu honeypot deve ser isolado com sucesso para evitar o risco de exploração dos seus sistemas de produção.
Para uma solução aprimorada, pode combinar honeypots com outras tecnologias, de forma a dimensionar as suas operações de segurança. Por exemplo, pode utilizar a estratégia “canary trap” que ajuda a vazar informações, partilhando várias versões de informações confidenciais com denunciantes.
Vantagens do Honeypot
- Ajuda a atualizar a segurança da sua organização, destacando as brechas dos seus sistemas.
- Identifica os ataques de dia zero e registra o tipo de ataque com os padrões correspondentes utilizados.
- Desvia os invasores dos sistemas de rede de produção real.
- Custo-benefício, com manutenção menos frequente.
- Fácil de implementar e de operar.
A seguir, analisaremos algumas das desvantagens do Honeypot.
Desvantagens do Honeypot
- O esforço manual necessário para analisar o tráfego e os dados coletados é considerável. Os honeypots são um meio de coletar informações, não de manipulá-las.
- Está limitado a identificar apenas ataques diretos.
- Risco de expor invasores a outras áreas da rede, caso o servidor do honeypot seja comprometido.
- A identificação do comportamento do hacker é morosa.
Aprofundemos agora os perigos dos Honeypots.
Perigos dos Honeypots
Apesar de a tecnologia de segurança cibernética do honeypot auxiliar no rastreamento do ambiente de ameaças, ela se limita apenas ao monitoramento das atividades nos honeypots, não monitorizando outras áreas dos seus sistemas. Uma ameaça pode existir, mas não ter como alvo o honeypot. Este modelo operacional atribui-lhe a responsabilidade de monitorizar outras áreas do sistema.
Em operações de honeypot bem-sucedidas, os honeypots enganam os hackers, fazendo-os acreditar que acederam ao sistema principal. No entanto, se eles identificarem os seus honeypots, podem desviar-se para o seu sistema real, deixando as armadilhas intocadas.
Honeypots vs. Decepção Cibernética
No setor da segurança cibernética, os termos “honeypot” e “decepção cibernética” são frequentemente utilizados de forma intercambiável. Contudo, existe uma distinção essencial entre os dois domínios. Como já foi referido, os honeypots são projetados para atrair invasores, por motivos de segurança.
Por outro lado, a decepção cibernética é uma técnica que utiliza sistemas, informações e serviços falsos para enganar ou prender o invasor. Ambas as medidas são úteis em operações de campo de segurança, mas pode considerar a decepção um método de defesa ativo.
Com o aumento de empresas a trabalharem com produtos digitais, os profissionais de segurança dedicam muito tempo à manutenção de sistemas sem ataques. É natural que pretenda construir uma rede robusta, segura e confiável para a sua empresa.
No entanto, pode ter a certeza de que o sistema está inviolável? Existem pontos fracos? Um estranho conseguiria entrar? Caso isso acontecesse, qual seria o cenário? Não se preocupe mais, as honeynets são a resposta.
O que são Honeynets?
Honeynets são redes iscas que contêm coleções de honeypots em uma rede rigorosamente monitorada. Assemelham-se a redes reais, possuem vários sistemas e são hospedadas em um ou poucos servidores, representando cada um um ambiente único. Por exemplo, pode ter um sistema Windows, um Mac e uma máquina honeypot Linux.
Por que utilizar Honeynets?
As honeynets surgem como honeypots com recursos avançados de valor acrescentado. Pode usar honeynets para:
- Desviar os intrusos e recolher análises detalhadas dos seus modelos ou padrões de comportamento e operação.
- Encerrar conexões infectadas.
- Servir como um banco de dados que armazena grandes logs de sessões de login, que lhe permitem visualizar as intenções dos invasores em relação à sua rede ou aos seus dados.
Como funcionam as Honeynets?
Se pretende criar uma armadilha hacker realista, deve concordar que não é uma tarefa fácil. As honeynets contam com diversos elementos que operam de forma integrada. Eis as partes constituintes:
- Honeypots: sistemas computacionais concebidos especificamente para prender hackers, ocasionalmente implementados para fins de pesquisa e, por vezes, como chamarizes que atraem hackers de recursos valiosos. Uma rede é formada quando vários honeypots se juntam.
- Aplicativos e serviços: deve convencer o hacker de que ele está a invadir um ambiente válido e valioso. O valor deve ser percetível.
- Sem utilizadores ou atividades autorizadas: uma honeynet verdadeira só prende hackers.
- Honeywalls: aqui, o objetivo é analisar um ataque. O sistema deve registar o tráfego que passa pela honeynet.
O hacker é atraído para uma das suas honeynets, e à medida que ele tenta se aprofundar no seu sistema, você inicia a sua pesquisa.
Honeypots x Honeynets
Abaixo, apresentamos um resumo das diferenças entre honeypots e honeynets:
- Um honeypot é implementado em um único dispositivo, enquanto a honeynet necessita de vários dispositivos e sistemas virtuais.
- Os honeypots apresentam baixa capacidade de registro, enquanto as honeynets apresentam alta.
- A capacidade de hardware necessária para o honeypot é baixa e moderada, enquanto a da honeynet é alta e necessita de vários dispositivos.
- A sua utilização está limitada às tecnologias honeypot, enquanto as honeynets envolvem várias tecnologias, como criptografia e soluções de análise de ameaças.
- Os honeypots apresentam baixa precisão, enquanto as honeynets têm alta.
Considerações Finais
Como já foi referido, os honeypots são sistemas computacionais únicos que se assemelham a sistemas naturais (reais), enquanto as honeynets são coleções de honeypots. Ambas são ferramentas valiosas para identificar ataques, recolher dados de ataque e estudar o comportamento de invasores de segurança cibernética.
Você também aprendeu sobre os tipos e designs de honeypot e as suas funções no nicho de negócios. Está também ciente dos benefícios e riscos associados. Se questiona qual deles prevalece sobre o outro, a parte valiosa é a mais importante.
Se tem estado preocupado com uma solução de baixo custo para identificar atividades maliciosas na sua rede, pondere a utilização de honeypots e honeynets. Se pretende compreender o funcionamento do processo de hacking e o cenário atual de ameaças, considere acompanhar de perto o Projeto Honeynet.
Recomendamos que consulte a introdução aos fundamentos da segurança cibernética para iniciantes.