Lei Califórnia: Fim da enganação em compras digitais!

Ao optarmos por abandonar nossos DVDs em favor da praticidade do streaming, talvez tenhamos negligenciado a segurança que os formatos físicos proporcionavam. Atualmente, nos deparamos com a instabilidade de séries e filmes em plataformas de streaming pagas, ou, pior, com a remoção de conteúdos que acreditávamos ter adquirido permanentemente. Uma nova legislação na Califórnia busca resguardar os consumidores de práticas enganosas na venda de filmes, jogos, livros e outros bens digitais.

Califórnia Aprimora a Proteção Contra Publicidade Deceitosa

Segundo o banco de dados Digital Democracy da Califórnia, a lei, designada AB 2426: Proteção ao Consumidor: Publicidade Enganosa: Bens Digitais, expande a legislação existente que coíbe publicidade enganosa. Segue um trecho do projeto de lei:

“Este projeto de lei, com exceções específicas, proíbe adicionalmente um vendedor de bens digitais de anunciar ou ofertar à venda um bem digital, conforme definido, a um comprador usando termos como comprar, adquirir ou qualquer outro termo que uma pessoa razoável interpretaria como concedendo um direito de propriedade irrestrito sobre o bem digital, ou em conjunto com uma opção de aluguel por tempo limitado, a menos que o vendedor obtenha, no momento de cada transação, um reconhecimento explícito do comprador, ou que forneça ao consumidor, antes de concretizar cada transação, uma declaração clara e evidente, conforme especificado.”

Em outras palavras, empresas como Apple ou Amazon não poderão utilizar termos como “comprar” ou “adquirir” para um filme, programa de televisão ou e-book se este item digital puder vir a ser removido da biblioteca do usuário. A Califórnia agora considera tal prática não apenas enganosa, mas ilegal.

Conforme a nova lei, as explicações sobre a compra devem ser diretas e em linguagem clara – e não disfarçadas em termos de serviço complexos.

Um Histórico Recente de Mídia que Desaparece

As problemáticas compras digitais não são um fenômeno recente. Em 2021, a Apple foi criticada por anunciar filmes no iTunes como bens que você poderia “comprar”, quando, na verdade, existia a possibilidade técnica de que esses filmes fossem removidos de sua biblioteca no futuro.

Mais recentemente, a desenvolvedora de jogos Ubisoft causou polêmica ao revogar licenças de um de seus jogos após os jogadores já o terem adquirido. Apesar de os compradores terem recebido reembolso, a situação demonstra a efemeridade dos ativos digitais. Às vezes, não se trata apenas de dinheiro; é fundamental saber o que se está adquirindo e por quanto tempo.

O Que AB 2426 Representa para o Nosso Futuro Digital

A legislação da Califórnia obriga as empresas a admitirem aos consumidores se o que eles estão realmente comprando é uma licença temporária para mídia digital. Embora seja uma lei estadual no momento, a Califórnia abriga uma parcela significativa da indústria do entretenimento. Acreditamos que, se os serviços de streaming precisarem realizar mudanças em seus sistemas e interfaces, estas serão refletidas em todo o território americano e não direcionadas somente aos californianos. Há também uma grande probabilidade de outros estados seguirem o exemplo, estabelecendo um novo padrão.

Há inúmeras razões para optar por mídias físicas em vez de digitais, mas a realidade é que sempre existe um risco de perda. Certamente, já danificamos DVDs a ponto de não serem mais reparáveis. No entanto, nesse cenário, tínhamos total controle sobre essa perda. Nesta nova era de compra e venda de bens digitais, é crucial que nós, consumidores, compreendamos o que está ou não sob nosso controle.

Resumo: A nova lei da Califórnia, AB 2426, visa proteger os consumidores contra práticas enganosas na publicidade de bens digitais. Esta legislação exige que as empresas informem claramente sobre a natureza das compras digitais, principalmente em um contexto onde a remoção de conteúdo de bibliotecas digitais se tornou comum. A lei pode servir de modelo para outras regiões, ressaltando a importância da transparência e do controle do consumidor sobre ativos digitais.