A virtualização de desktops apresenta-se como uma solução segura e eficaz na gestão de recursos de tecnologia da informação, otimizando custos e elevando a eficiência.
O conceito de “computadores individuais”, quando aplicado ao contexto empresarial, demonstra-se frequentemente ilógico.
Por exemplo, ao analisar o meu próprio dispositivo doméstico, constato que a RAM é o recurso mais intensamente utilizado (cerca de 70%), enquanto os restantes componentes, como CPU e SSD, permanecem amplamente subutilizados nas minhas tarefas diárias.
Num cenário típico, com 18 abas abertas em dois navegadores, a aplicação Slack ativa e uma série de processos em segundo plano, o consumo de recursos é semelhante ao de qualquer computador com sistema Windows.
Como se pode observar, a maior parte do hardware permanece inativo. Na minha função de escritor, este é o padrão de consumo de recursos durante a maioria das minhas horas de trabalho. As exceções ocorrem quando realizo testes de ferramentas, situação em que o uso de recursos aumenta consideravelmente, mas estas correspondem a cerca de 30 a 40% do meu trabalho.
Pessoalmente, pouco posso fazer para evitar este desperdício de recursos, a não ser optar por um PC em nuvem, como o Shell. Contudo, as empresas dispõem de mais opções para evitar que todo este potencial de processamento permaneça inativo em cada máquina individual.
O que é a Virtualização de Área de Trabalho?
A virtualização de área de trabalho é o processo através do qual um único dispositivo é dividido virtualmente entre vários utilizadores através de software. A premissa consiste em particionar um servidor de alta capacidade em diversas máquinas virtuais, permitindo que os utilizadores finais acedam remotamente, através de uma ligação à Internet. Por outras palavras, o processamento é “transmitido” para os dispositivos dos utilizadores, sejam eles desktops, tablets ou até mesmo smartphones.
Nos dispositivos de acesso, os utilizadores trabalham de forma similar à utilização de máquinas dedicadas. A principal diferença reside na ausência de acesso físico direto a um computador corporativo. Em vez disso, os recursos são partilhados com os colegas, cada um na sua unidade individual.
O número de “partições” em que o hardware do servidor pode ser dividido depende da capacidade do hardware subjacente e das necessidades dos utilizadores.
Além de ser uma forma económica de alocar recursos, esta técnica protege dados confidenciais da empresa contra fugas através de ciberataques. Os funcionários também podem usar os seus próprios dispositivos para se ligarem à rede da empresa e desempenharem as suas funções. Por último, a virtualização de área de trabalho evita que as organizações necessitem de investir em manutenção e atualizações de hardware dispendiosas.
Esta distribuição de recursos pode ser classificada em diferentes tipos, consoante o funcionamento para o cliente e o fornecedor.
Tipos de Virtualização de Área de Trabalho
A virtualização de área de trabalho pode ser dividida em três categorias:
- Infraestrutura de Área de Trabalho Virtual (VDI)
- Serviços de Área de Trabalho Remota (RDS)
- Área de Trabalho como Serviço (DaaS)
Analisemos brevemente cada uma destas categorias.
Infraestrutura de Área de Trabalho Virtual
Esta é a forma tradicional de virtualização de área de trabalho, em que o processamento do servidor é dividido em fluxos menores através de tecnologias como o hypervisor. Isto possibilita a execução de várias máquinas virtuais num único servidor físico.
Existem dois tipos de virtualização, baseados no hypervisor utilizado: hardware e software. A virtualização de hardware é instalada diretamente no servidor, sendo a forma mais eficiente de gestão de recursos para garantir um melhor desempenho e segurança. Em contrapartida, a virtualização de software opera sobre o sistema operativo, não tendo controlo direto sobre os recursos de processamento, resultando num desempenho inferior.
Em ambos os casos, o objetivo principal é a partilha eficaz de recursos, como CPU, RAM e armazenamento, bem como a manutenção de múltiplas máquinas virtuais (VMs) de acordo com a configuração estabelecida.
Através da VDI, os utilizadores finais podem aceder remotamente aos recursos da empresa, como ficheiros, aplicações e serviços, a partir dos seus dispositivos pessoais (também conhecidos como thin clients), que podem não ter capacidade suficiente para executar estas tarefas de forma autónoma.
Como exemplo, o VMWare Fusion permite a utilização remota do sistema Windows em computadores Mac.
A VDI é normalmente oferecida em dois tipos: desktops virtuais persistentes e não persistentes. A experiência persistente oferece uma área de trabalho remota que permanece “pessoal” para um utilizador específico durante as sessões de login. Uma área de trabalho não persistente não mantém a personalização após o encerramento da sessão, e os recursos retornam ao seu estado original.
Serviços de Área de Trabalho Remota
Os Serviços de Área de Trabalho Remota da Microsoft representam uma versão mais eficiente da virtualização de área de trabalho, com a maior densidade possível de utilizadores por servidor.
Esta eficiência é alcançada ao evitar a alocação de máquinas virtuais completas a cada utilizador final. Em vez disso, é fornecido acesso virtual a aplicações específicas em execução no datacenter corporativo ou na nuvem. Esta abordagem é adequada para clientes que possuem as suas máquinas principais e necessitam apenas de suporte para executar aplicações específicas com elevada carga de recursos e/ou dados confidenciais. Nesta configuração, vários utilizadores partilham uma área de trabalho virtual em execução num servidor remoto.
Esta solução pode ser implementada internamente (servidor Windows) ou na nuvem (Microsoft Azure, que tecnicamente é DaaS).
No entanto, não existe uma distinção clara, e os protocolos subjacentes da Microsoft também permitem a partilha da experiência completa de área de trabalho remota “pessoal” como na VDI, além da virtualização padrão baseada em sessão.
Área de Trabalho como Serviço
DaaS pode incluir tanto VDI como RDS. A diferença reside no facto de que a infraestrutura não é gerida internamente, sendo paga uma taxa de assinatura a um fornecedor de serviços em nuvem para gerir a virtualização de área de trabalho.
Comparativamente com as outras duas opções, esta é a mais flexível, escalável e económica para começar. É especialmente indicada para startups com um número reduzido de funcionários. Além disso, é uma alternativa mais económica do que adquirir hardware de servidor corporativo e contratar especialistas para a sua gestão.
Para quem está a começar, a V2 Cloud oferece uma assinatura VDI para PMEs, que inclui um período de avaliação gratuito de 7 dias.
Como Funciona?
Um hypervisor é utilizado para criar uma instância virtual que utiliza os recursos do servidor. Estas VMs são normalmente isoladas umas das outras e do servidor de suporte.
Esta configuração entre o servidor remoto e o utilizador final é suportada pelo agente de ligação. Esta ferramenta atua como uma ponte entre os dois, gerindo a autenticação do utilizador, o controlo de acesso, entre outros aspetos. Ao nível da interface, o agente de ligação é responsável pelas atualizações do ecrã e pela transmissão de sinais, como cliques do rato e toques no teclado, para o servidor.
Dependendo do tipo, as funcionalidades podem variar ligeiramente entre VDI, RDS e DaaS. Por exemplo, a VDI depende principalmente da virtualização de hardware, realizada no host físico para um desempenho ótimo.
Por outro lado, o RDS pode adotar protocolos distintos, dependendo se o utilizador prefere uma área de trabalho remota completa ou apenas pretende aceder a algumas aplicações virtuais. Já o DaaS oferece a máxima flexibilidade ao permitir a escolha da melhor configuração para cada caso específico.
No entanto, os princípios subjacentes a estas aplicações mantêm-se, em grande medida, idênticos.
Benefícios da Virtualização de Área de Trabalho
A virtualização de área de trabalho oferece inúmeras vantagens, algumas das quais são:
✅ Custo: Este é um benefício universal. Mesmo no caso da VDI, a configuração da infraestrutura local é mais económica do que o fornecimento de máquinas potentes a cada utilizador. O RDS é ainda mais económico, pois a mesma área de trabalho remota é partilhada por vários utilizadores. Por fim, o DaaS é ideal para startups que pretendem evitar o peso financeiro inicial de uma infraestrutura própria.
Para além da redução dos custos iniciais com hardware, a virtualização de área de trabalho minimiza os custos recorrentes com a manutenção de hardware e software. Com menos dispositivos a gerir, a necessidade de pessoal de manutenção é igualmente reduzida.
✅Segurança: Este é outro fator determinante na escolha da virtualização de área de trabalho. A evolução das ameaças cibernéticas torna difícil para qualquer administrador de sistemas proteger todos os dispositivos da rede comercial.
Neste contexto, a administração centralizada facilita a monitorização dos serviços e a implementação de atualizações/patches de forma oportuna. Além disso, os dados confidenciais permanecem nos servidores da empresa e não nos dispositivos dos funcionários. Desta forma, mesmo que o dispositivo de um funcionário seja comprometido, não haverá um problema existencial.
✅ Gestão: Gerir um conjunto diversificado de dispositivos é uma tarefa morosa. A integração e formação de novos funcionários são simplificadas com a centralização das operações. Além disso, o planeamento de backups e recuperações no caso de ataques cibernéticos torna-se mais eficiente. Manter tudo nos servidores da empresa demonstra-se mais eficiente e flexível em tais situações.
✅ Acessibilidade: Esta é, sem dúvida, a maior vantagem, sobretudo num cenário em que o trabalho híbrido e remoto são cada vez mais uma realidade. A virtualização de área de trabalho garante aos funcionários uma experiência de computação uniforme, independentemente da sua localização. Quer estejam no escritório ou em casa, o acesso a dados oficiais e hardware potente permanece ininterrupto.
Considerações Finais
A virtualização de área de trabalho é amplamente adotada em todo o mundo, por boas razões. Uma das principais indústrias a beneficiar desta tecnologia é (obviamente) a TI, onde a maioria dos funcionários necessita de dispositivos com capacidade de processamento razoável.
Além disso, call centers, laboratórios de computação ou qualquer local de trabalho com vários dispositivos podem tirar partido da virtualização de área de trabalho para otimizar custos, flexibilidade e gestão contínua de recursos.
No entanto, esta tecnologia não se limita a setores específicos, existindo software de virtualização para Windows e Mac que também podem ser utilizados pessoalmente.