Dispositivos de armazenamento de estado sólido, conhecidos como SSDs, representam um avanço significativo no desempenho de computadores, revitalizando modelos antigos e impulsionando a velocidade de máquinas mais recentes. Contudo, ao considerar a aquisição de um SSD, deparamo-nos com uma variedade de termos técnicos, como SLC, SATA III, NVMe e M.2. O que realmente significam essas siglas e conceitos? Vamos explorar!
O Básico: A Célula de Memória
Os SSDs contemporâneos empregam o armazenamento flash NAND, cuja unidade fundamental é a célula de memória. Essas células são a base onde os dados são gravados em um SSD, cada uma capaz de armazenar uma quantidade específica de bits, representados no dispositivo como 1s ou 0s.
SSDs de Célula de Nível Único (SLC)
O tipo mais básico de SSD é o de célula de nível único (SLC). Cada célula de um SSD SLC armazena um único bit. Apesar de sua capacidade aparentemente limitada, os SSDs SLC possuem vantagens notáveis: são os mais rápidos do mercado, mais duráveis e menos suscetíveis a erros, o que os torna altamente confiáveis.
SSDs SLC são frequentemente utilizados em ambientes empresariais, onde a perda de dados é inaceitável e a durabilidade é crucial. No entanto, seu custo é elevado, tornando-os menos acessíveis ao consumidor comum. Para ilustrar, um SSD SLC de 128 GB para uso corporativo pode ter o mesmo preço de um SSD de 1 TB com tecnologia TLC NAND para consumidores.
Caso encontre um SSD SLC disponível para o consumidor, é provável que ele utilize um tipo diferente de NAND e um cache SLC para otimizar o desempenho.
SSDs de Célula Multinível (MLC)
SSDs “multi-” em células multinível (MLC) armazenam dois bits por célula, o que, embora não pareça muito, é um avanço em relação ao SLC. O termo “multi” pode não ser totalmente preciso, mas a nomenclatura tecnológica nem sempre segue a lógica perfeita.
SSDs MLC são ligeiramente mais lentos que os SLCs, pois gravam dois bits por célula. Eles também apresentam menor durabilidade e confiabilidade, devido à maior frequência de gravação de dados no flash NAND.
Apesar disso, SSDs MLC são confiáveis. Sua capacidade pode ser inferior à de outros tipos de SSD, mas é possível encontrar modelos com capacidade de até 1 TB.
SSDs de Célula de Camada Tripla (TLC)
SSDs TLC, como o próprio nome sugere, armazenam três bits por célula. Atualmente, os SSDs TLC são o tipo mais comum no mercado.
Eles oferecem maior capacidade de armazenamento em um espaço menor quando comparados aos SLCs e MLCs, mas sacrificam velocidade, confiabilidade e durabilidade. No entanto, isso não significa que SSDs TLC sejam inferiores. Eles são uma excelente opção, especialmente se você busca um bom custo-benefício.
Não se preocupe com a menor durabilidade; SSDs TLC geralmente duram muitos anos.
Terabytes Gravados (TBW)
A durabilidade de um SSD é geralmente expressa em TBW (terabytes gravados), indicando quantos terabytes podem ser gravados na unidade antes que ela apresente falhas.
Por exemplo, o modelo de 500 GB do Samsung 860 Evo possui classificação TBW de 600, enquanto o modelo de 1 TB possui 1.200 TBW. Isso representa uma grande quantidade de dados, indicando que esses dispositivos têm longa vida útil.
TBWs são estimativas conservadoras; SSDs costumam superar esses limites. Para garantir a segurança de seus dados, faça backups regulares, especialmente se estiver utilizando unidades mais antigas.
SSDs de Célula Quádrupla (QLC)
As unidades de célula quádrupla (QLC) armazenam quatro bits por célula. É possível observar um padrão crescente no número de bits armazenados por célula.
O NAND QLC pode armazenar mais dados que outros tipos, mas pode impactar o desempenho, especialmente durante grandes transferências de arquivos (40 GB ou mais), quando o cache se esgota. Fabricantes estão trabalhando na otimização dos QLCs para minimizar esses problemas.
A durabilidade também é uma preocupação. Uma unidade Crucial P1 QLC NVMe de baixo custo possui classificação TBW de apenas 100 no modelo de 500 GB e 200 TBW no de 1 TB, uma redução notável em comparação com TLC, mas suficiente para uso doméstico.
SSDs de Célula Penta-Nível (PLC)
SSDs PLC, capazes de armazenar 5 bits por célula, ainda não estão disponíveis para consumidores, mas estão em desenvolvimento. Fabricantes como Toshiba e Intel já mencionaram drives PLC. Espera-se que os drives PLC ofereçam maior capacidade, mas com os mesmos desafios de durabilidade e desempenho observados em TLCs e QLCs.
Recomenda-se aguardar análises antes de adquirir SSDs PLC. Avalie também os TBWs para entender sua vida útil e impacto no uso cotidiano.
Para exemplificar, apesar da classificação TBW reduzida, a unidade QLC mencionada suporta aproximadamente 54 GB de gravação por dia durante cinco anos, o que geralmente é suficiente para uso doméstico.
Outros Termos Importantes sobre SSDs
Além dos tipos de células NAND, existem outros termos importantes para entender:
- NAND 3D: Fabricantes empilham células de memória para aumentar a capacidade, contornando problemas de confiabilidade quando as células estão muito próximas em uma superfície plana. Também conhecido como NAND vertical.
- Tecnologia de nivelamento de desgaste: Distribui os dados de maneira uniforme pelas células para preservar a vida útil do SSD.
- Cache: Armazena dados temporariamente antes da gravação, otimizando o desempenho. Geralmente composto por SLC ou MLC NAND. Quando o cache se esgota, o desempenho pode diminuir.
- SATA III: Interface comum para conectar SSDs e HDs à placa-mãe. Tem uma taxa de transferência máxima de 600 megabytes por segundo.
- NVMe: Interface mais rápida que SATA III, utilizando PCIe. SSDs NVMe podem ser três vezes mais rápidos que SATA III.
- M.2: Formato físico de drives NVMe, geralmente pequenos e retangulares, encaixando-se em slots especiais nas placas-mãe.
Esta visão geral sobre a tecnologia flash NAND em SSDs deve capacitá-lo a tomar decisões informadas sobre qual unidade atende melhor às suas necessidades.