Segurança Wi-Fi: Proteja sua Rede com Essas Dicas Simples!


Segurança e Conveniência na Era do Wi-Fi

No universo tecnológico atual, existe um delicado equilíbrio entre conveniência e segurança. A facilidade de acesso à internet é uma prioridade para muitos, o que torna o Wi-Fi uma tecnologia onipresente. No entanto, surge a questão: quão protegido está o seu roteador Wi-Fi doméstico? Quais medidas você pode tomar para fortalecer a segurança da sua rede?

É surpreendente como, com algumas práticas de bom senso e fáceis de implementar, as preocupações com a segurança do Wi-Fi podem ser significativamente reduzidas.

Segundo Anthony Vance, professor e diretor do Centro de Segurança Cibernética da Fox School of Business da Temple University, “o Wi-Fi é, em sua essência, bastante seguro. As pessoas não precisam se preocupar excessivamente.” No entanto, é crucial analisar alguns detalhes para garantir essa segurança.

O Papel Crucial do Seu Roteador

O roteador, embora muitas vezes negligenciado, é um dos dispositivos mais importantes em sua residência, especialmente no que se refere à sua rede.

Um roteador Wi-Fi desempenha múltiplas funções. Primeiramente, ele atua como um portal, interligando o modem a cabo com a rede local. Ele também funciona como um ponto de acesso sem fio, fornecendo conectividade para todos os seus dispositivos Wi-Fi. Além disso, a maioria dos roteadores oferece algumas portas Ethernet, o que os transforma em um hub ou switch de rede.

Muitas empresas de serviços de internet oferecem modems que já incorporam a funcionalidade de roteador Wi-Fi. Portanto, é possível que você tenha apenas um dispositivo que executa todas essas tarefas.

Se você possui um modem e roteador combinados, fornecidos pela sua operadora de TV a cabo, talvez seja interessante considerar a substituição. Muitos desses dispositivos não são tão rápidos e podem não oferecer a mesma segurança e recursos que um roteador independente.

Desmistificando a Reputação dos Roteadores

Muitas pessoas desconfiam dos roteadores Wi-Fi, temendo que eles sejam vulneráveis e possam comprometer seus arquivos pessoais ou permitir que estranhos usem sua conexão. No entanto, essa visão é equivocada.

“Nos primórdios do Wi-Fi, a segurança dos pontos de acesso com WEP era realmente frágil”, explica Vance. “Essa vulnerabilidade antiga acabou gerando uma má reputação para a segurança do Wi-Fi em geral.”

O protocolo WEP, considerado o mais antigo de segurança Wi-Fi, tinha sérias falhas de segurança, sendo quase tão ineficaz quanto não ter proteção nenhuma. Ele foi descontinuado em 2004 e substituído, inicialmente pelo WPA, e, posteriormente, pelo WPA2, que é o padrão atual. O WPA2 utiliza um esquema de criptografia sem vulnerabilidades práticas para redes domésticas.

O WPA3 está chegando para substituir o WPA2. Este novo padrão traz melhorias, incluindo resistência a ataques de dicionário, impedindo que senhas sejam descobertas por tentativas de força bruta. Essa funcionalidade será especialmente útil para redes protegidas por senhas fracas.

Redes de Convidados: Uma Camada Extra de Proteção

Nem todos os recursos adicionais em um roteador moderno valem o investimento. Por exemplo, se você já utiliza senhas fortes e únicas no seu roteador, Vance sugere que não há necessidade de atualizar para o WPA3 neste momento.

Contudo, algumas funcionalidades podem ser valiosas. A capacidade de criar uma rede de convidados é um bom motivo para considerar uma atualização. Uma rede de convidados é separada da sua rede principal.

“É como ter dois pontos de acesso distintos”, afirma Vance. “Ambos podem acessar a internet, mas estão isolados entre si.”

Essa funcionalidade é ótima para visitantes, mas possui uma aplicação mais importante: dispositivos inteligentes. Você pode conectar seus smartphones, tablets e computadores à sua rede principal e todos os seus dispositivos da Internet das Coisas (IoT), como dispositivos infantis e convidados, à rede de convidados.

“A segurança de uma rede Wi-Fi é tão robusta quanto o dispositivo menos seguro conectado a ela”, pontua Kayne McGladrey, membro do IEEE.

Dispositivos inteligentes, como webcams, campainhas, interruptores, tomadas e outros dispositivos IoT, são conhecidos por sua vulnerabilidade.

“Dispositivos IoT inseguros podem ser facilmente induzidos a divulgar uma senha de Wi-Fi”, acrescenta McGladrey.

Essa preocupação não é infundada. Em 2016, o Ataque de botnet Mirai infectou milhões de dispositivos domésticos vulneráveis, como roteadores e dispositivos IoT, incluindo monitores de bebês e webcams. Esses dispositivos foram usados para lançar um ataque DDoS massivo, afetando a internet para milhões de pessoas nos Estados Unidos.

A melhor maneira de proteger sua rede é conectar todos esses dispositivos à rede de convidados. Assim, mesmo que um dispositivo seja comprometido, o invasor estará limitado à rede de convidados, sem acesso aos seus dados e dispositivos mais importantes.

Uma rede de convidados também permite que você programe quando o acesso será concedido.

“Nem crianças, nem máquinas de lavar precisam de acesso à internet às 3 da manhã”, observa McGladrey.

Senhas: A Chave para a Segurança

De fato, seu roteador Wi-Fi é razoavelmente seguro, desde que você adote algumas medidas de segurança. Primeiramente, é essencial utilizar senhas personalizadas e fortes.

“Se você estiver usando WPA2”, explica o consultor de segurança cibernética Dave Hatter, “e tiver uma senha robusta, com cerca de 15 caracteres que não sejam fáceis de adivinhar, você estará bem protegido.”

Seu roteador possui no mínimo duas senhas que merecem atenção. Além da senha Wi-Fi principal, é fundamental controlar a senha do administrador para ter acesso às configurações do roteador.

“Manter as configurações padrão é como procurar problemas”, afirma Hatter. “Para muitos roteadores, não é difícil encontrar o manual do fabricante e descobrir quais são as configurações padrão. Além disso, ferramentas como Shodan tornam fácil encontrar roteadores de uma determinada marca online. Se você conhece as configurações padrão, pode descobrir essas informações rapidamente e tentar um ataque.”

Felizmente, a situação está melhorando. Muitos roteadores modernos vêm com senhas aleatórias, e não o conjunto padrão de caracteres para todos os modelos da mesma linha de produção. Além disso, uma lei recente, a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia, exige que todos os dispositivos sejam vendidos com senhas únicas.

Mesmo assim, você deve alterar a senha padrão – e quanto mais complexa, melhor.

Outras Boas Práticas

Manter uma boa higiene de senhas é fundamental para a segurança da sua rede Wi-Fi. Além disso, outras medidas podem ser tomadas para fortalecer a sua proteção.

Uma delas é manter o roteador atualizado. Alguns roteadores atualizam automaticamente o firmware, mas muitos não. Para verificar se há atualizações, você precisará acessar as configurações de administrador do seu roteador por meio de um navegador ou aplicativo móvel. Os fabricantes de roteadores geralmente não lançam atualizações com muita frequência, portanto, quando há um lançamento, ele geralmente é essencial.

Você também deve desabilitar as funcionalidades do roteador que tornam sua rede mais vulnerável, como o acesso remoto.

“Você não deve permitir que ninguém acesse o roteador remotamente”, alerta Hatter. “O acesso deve ser feito apenas por um computador conectado à sua rede local.”

Alguns especialistas em segurança têm recomendações mais rigorosas. McGladrey sugere substituir o roteador a cada dois ou três anos e analisar os dispositivos IoT em busca de vulnerabilidades de segurança antes de comprá-los.

Nem todas as sugestões são viáveis para todos. No entanto, manter o firmware do roteador atualizado e alterar as senhas periodicamente (talvez duas vezes por ano) geralmente é mais do que suficiente. Além disso, se você tiver uma rede de convidados para seus dispositivos IoT, pode se considerar razoavelmente seguro.

“Se grupos de hackers altamente especializados decidirem que você é o alvo, essas medidas podem não ser suficientes”, comenta Hatter. “Mas elas irão protegê-lo contra os tipos mais comuns de ataques.”