PBOC Investiga Fraqueza do Dólar: Preocupação com Yuan Forte e Exportações da China

O Banco Popular da China (PBOC) terá iniciado um inquérito incomum sobre a persistente fraqueza do dólar americano, sinalizando a crescente apreensão de Pequim em relação à valorização do yuan e às suas implicações mais amplas para a economia do país, impulsionada pelas exportações. Esta medida discreta sugere que o banco central está a recolher informações para avaliar o sentimento do mercado, um potencial precursor de futuros ajustamentos de política destinados a gerir a estabilidade monetária no meio da evolução das dinâmicas do comércio global.

  • O Banco Popular da China (PBOC) iniciou um inquérito sobre a persistente fraqueza do dólar americano.
  • O Índice do Dólar Americano (DXY) caiu 11% no acumulado do ano em 2025, a maior queda desde 1973.
  • O yuan chinês apreciou aproximadamente 1,3% no mesmo período, mantendo-se relativamente estável.
  • A desvalorização do dólar intensificou-se após o Presidente Donald Trump anunciar um congelamento de tarifas em abril.
  • A sondagem do PBOC antecede a expiração da pausa tarifária de 90 dias de Trump (10 de julho) e de tarifas sobre tecnologia chinesa.

A Sondagem do PBOC sobre o Comportamento do Dólar

Fontes familiarizadas com o assunto, citadas pela Reuters, indicam que o PBOC distribuiu recentemente um inquérito informal a instituições financeiras. O questionário procurava obter informações sobre as causas e a potencial duração do declínio do dólar, juntamente com os seus efeitos esperados sobre o yuan chinês. Esta avaliação proativa sublinha um crescente desconforto na liderança financeira da China sobre os ganhos recentes do yuan, no contexto de um dólar em declínio e o consequente impacto na competitividade das exportações chinesas.

Implicações da Desvalorização do Dólar e da Valorização do Yuan

O dólar americano enfrentou um ano desafiador em 2025. O Índice do Dólar Americano, que mede o dólar contra um cabaz de seis moedas principais, registou um declínio de 11% no acumulado do ano, marcando a sua queda mais significativa desde 1973. Esta desvalorização intensificou-se após o Presidente Donald Trump anunciar um amplo congelamento de tarifas no início de abril, levando os mercados a antecipar políticas comerciais e fiscais dos EUA mais relaxadas. Desde então, o dólar caiu 6,6%. Em contraste, o yuan chinês permaneceu relativamente estável, apreciando aproximadamente 1,3% durante o mesmo período. Embora um yuan mais forte beneficie os consumidores domésticos e os importadores, reduzindo o custo dos bens estrangeiros, apresenta desafios para os exportadores chineses, cujos produtos se tornam mais caros nos mercados internacionais precisamente quando a economia doméstica procura revigorar o crescimento.

O Dilema da Estabilidade Monetária para o PBOC

A valorização do yuan coloca o PBOC numa posição delicada. Uma moeda mais forte pode ajudar a mitigar a inflação importada e a projetar uma imagem de estabilidade nas finanças globais. No entanto, simultaneamente, representa um risco significativo para fabricantes e exportadores, setores cruciais para a recuperação económica da China pós-pandemia. O Governador do PBOC, Pan Gongsheng, já tinha enfatizado a importância de manter o valor do yuan “razoavelmente estável” tanto para a confiança doméstica como internacional, refletindo a preferência de longa data do banco central pela estabilidade em detrimento de movimentos cambiais abruptos.

Estratégias e Contexto das Relações Comerciais Globais

Embora a sondagem em si não garanta uma intervenção política imediata, pode marcar um passo inicial numa mudança estratégica. Historicamente, o PBOC tem empregado mecanismos subtis para influenciar o valor do yuan sem intervenção direta no mercado. Por exemplo, em abril, o banco central terá instado os bancos estatais a frear a compra de dólares, uma medida interpretada por muitos como um esforço indireto para apoiar o yuan. A maioria dos analistas sugere que uma intervenção significativa do PBOC provavelmente só ocorreria se o yuan registasse uma apreciação dramática.

O momento deste recente contacto é notável, coincidindo com desenvolvimentos críticos nas relações comerciais EUA-China. Precede a expiração da pausa tarifária global de 90 dias do Presidente Trump, marcada para 10 de julho, e ocorre apenas um mês antes da expiração agendada de tarifas separadas dos EUA sobre importações de tecnologia chinesa. Esta confluência de fatores económicos e políticos sugere que o PBOC está a ponderar cuidadosamente as suas opções para garantir a estabilidade monetária no meio de potenciais mudanças na política comercial que poderiam impactar ainda mais o equilíbrio económico global.