Paquistão: Enchentes de 2025 expõem urgência climática e perdas massivas.

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By luis

As cheias recorrentes que devastam o Paquistão sublinham um desafio global crítico: o custo económico e humano crescente das alterações climáticas em regiões altamente vulneráveis. As severas inundações monçónicas testemunhadas em 2025, que ceifaram centenas de vidas e deslocaram mais de um milhão de pessoas, particularmente na província agrícola de Punjab, não são meramente um desastre natural, mas um indicador claro de vulnerabilidades sistémicas agravadas pelo aquecimento global. Este padrão de eventos catastróficos, que recorda as inundações de 2022 que deslocaram mais de oito milhões, destaca uma necessidade urgente de preparação robusta para desastres e investimentos estratégicos para mitigar a perturbação económica a longo prazo e a instabilidade social.

Crise Climática Recorrente do Paquistão: Consequências Económicas e Sociais

Desde finais de junho de 2025, chuvas monçónicas intensas desencadearam inundações generalizadas em todo o Paquistão, resultando em mais de 900 mortes e exigindo a evacuação de mais de um milhão de indivíduos. Grandes centros urbanos como Karachi, uma cidade portuária crucial com uma população de aproximadamente 20 milhões, sofreram inundações significativas, perturbando o comércio e a vida diária. O impacto económico estende-se para além dos esforços de socorro imediatos, afetando a produção agrícola em regiões agrícolas críticas e sobrecarregando a infraestrutura pública. A longa história de desastres naturais do Paquistão, desde ondas de calor a inundações repentinas, está agora a ser amplificada pelo aumento das temperaturas globais, levando a chuvas mais intensas, inundações repentinas mais fortes e derretimento glacial acelerado, apresentando uma ameaça existencial à sua economia e desenvolvimento.

O Nexo Clima-Hidrologia: Impulsionando Eventos Climáticos Extremos

O consenso científico liga o aumento das temperaturas globais diretamente a estes padrões climáticos extremos. O aumento das temperaturas atmosféricas intensifica tanto a evaporação quanto a capacidade de retenção de humidade da atmosfera, resultando em chuvas mais concentradas e poderosas. Concomitantemente, o aquecimento em regiões montanhosas acelera o derretimento da neve e dos glaciares, aumentando o escoamento dos rios e o risco de inundações por transbordo de lagos glaciais (GLOFs). Um GLOF recente na região de Gilgit-Baltistan, no norte do Paquistão, em agosto de 2025, por exemplo, causou danos extensos, bloqueou temporariamente um rio importante e exigiu evacuações generalizadas, ilustrando os riscos em cascata. A criosfera do planeta — os seus glaciares, mantos de gelo e cobertura de neve — desempenha um papel crucial na reflexão da luz solar e na regulação das temperaturas. A perda contínua desta cobertura refletora agrava ainda mais o aquecimento global, intensificando o ciclo de feedback. A região dos Himalaias, vital para a segurança hídrica do Sul da Ásia, tem experimentado um aquecimento acelerado, aumentando de aproximadamente 0,10 graus Celsius por década no início do século XX para cerca de 0,32 graus Celsius por década no início do século XXI. Ondas de calor recorde, como os 48,5 graus Celsius registados em Chilas em julho de 2025, podem desencadear o rápido derretimento dos glaciares, levando a inundações substanciais, particularmente nas planícies aluviais de importância agrícola da Bacia do Rio Indo.

Fatores Antropogénicos que Amplificam a Vulnerabilidade

Os desafios do Paquistão são significativamente agravados pelo seu rápido crescimento populacional, que viu a sua população triplicar desde 1980 para mais de 250 milhões. Aproximadamente 96 milhões de pessoas residem em áreas de alto risco ao longo das margens dos rios e em leitos de rios secos, regiões suscetíveis a inundações severas. Esta pressão demográfica também contribuiu para uma desflorestação extensiva, com o Paquistão a perder cerca de 8% da sua cobertura arbórea entre 2001 e 2024, principalmente devido à exploração madeireira, parte da qual apoia projetos hidroelétricos. A desflorestação reduz o arrefecimento natural e aumenta o risco de inundações repentinas e deslizamentos de terra, erodindo ainda mais as defesas naturais contra eventos climáticos extremos.

O Custo Económico da Sub-Preparação

Apesar de ser um dos países mais severamente impactados por desastres relacionados com o clima nas últimas duas décadas, o Paquistão ocupa o 150º lugar entre 192 países globalmente em prontidão para desastres, de acordo com a Notre Dame Global Adaptation Initiative. Embora a Estratégia Nacional de Redução do Risco de Desastres 2025-2030 da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão delineie melhorias, a sua implementação continua dificultada pela fraca coordenação interinstitucional, sistemas de alerta precoce inadequados e recursos financeiros insuficientes. A vulnerabilidade da nação é exacerbada por infraestruturas envelhecidas, sistemas de drenagem deficientes e um planeamento urbano que frequentemente negligencia os princípios de redução do risco de desastres. A instabilidade política diminui ainda mais a eficácia da resposta a desastres, impondo um pesado fardo económico através da perda de produtividade, bens danificados e desvio de fundos de desenvolvimento.

Construindo Resiliência: Um Imperativo Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável

Abordar esta crise multifacetada exige uma abordagem abrangente e estratégica. As intervenções chave incluem o desenho e investimento em infraestruturas capazes de resistir a eventos climáticos extremos, a expansão de redes de alerta precoce para proteger comunidades e ativos económicos, e a integração da redução do risco de desastres nos quadros de educação e política nacionais. A implementação eficaz exige uma melhoria da governação, uma alocação financeira transparente e programas robustos de formação comunitária. Além disso, a integração de soluções baseadas na natureza, como a reflorestação para combater a erosão e os riscos de deslizamentos de terra, e a reavaliação do planeamento do uso do solo para evitar a construção em áreas propensas a inundações, oferece proteção sustentável a longo prazo. Em última análise, os esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa são primordiais para estabilizar os padrões climáticos e salvaguardar nações vulneráveis como o Paquistão de eventos climáticos cada vez mais severos, apoiando assim o desenvolvimento sustentável e a estabilidade económica global.