Mercados Globais Sob Pressão: Tarifas, Fed e a Busca por Refúgio Financeiro

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By luis

Os mercados financeiros globais navegam por um cenário complexo, moldado pela escalada das tensões comerciais e pelos debates sobre a política monetária interna. As renovadas ameaças do Presidente Donald Trump de impor tarifas significativas sobre as importações da União Europeia e do México lançaram uma sombra sobre os mercados de ações em todo o mundo, impulsionando os investidores em direção a ativos tradicionais de segurança, como ouro e títulos do governo dos EUA, mesmo com o dólar mantendo relativa estabilidade.

  • Novas tarifas dos EUA (30% sobre UE e México) a partir de 1º de agosto impactam mercados.
  • Bolsas globais, incluindo futuros europeus e americanos, registram quedas notáveis.
  • Aumento da demanda por ativos de segurança, como ouro e títulos do Tesouro dos EUA.
  • Intensa pressão política sobre o Federal Reserve por flexibilização monetária.
  • Exportações chinesas de junho superam expectativas, apesar da retração para os EUA.

Na segunda-feira, a apreensão dos investidores espalhou-se pelas bolsas globais, à medida que os futuros de ações dos EUA e da Europa recuaram, pressionando subsequentemente as ações asiáticas. Isso ocorreu após o anúncio do Presidente Trump, no fim de semana, de planos para implementar uma tarifa de 30% sobre a maioria das importações da União Europeia e do México, com efeito a partir de 1º de agosto. Embora alguns participantes do mercado tenham inicialmente visto essas ameaças como largamente retóricas, o cronograma concreto levou a uma postura mais cautelosa. Os índices europeus refletiram esse sentimento, com os futuros do EURO STOXX 50 caindo 0,6%, os contratos DAX recuando 0,7% e os futuros FTSE deslizando 0,1%. Da mesma forma, os futuros de ações dos EUA enfraqueceram, com os contratos S&P 500 e Nasdaq recuando aproximadamente 0,4% cada, enquanto o mercado se prepara para a próxima temporada de resultados corporativos.

A dinâmica do comércio global é cada vez mais intrincada. Bruxelas indicou disposição para adiar medidas retaliatórias até o início de agosto e instou a continuidade das negociações, enquanto o ministro das finanças da Alemanha emitiu um aviso severo de ação recíproca caso as tarifas avancem. Isso se alinha a uma tendência mais ampla, onde os investidores se acostumaram com as mudanças na política comercial dos EUA. Como observou Taylor Nugent, economista-chefe de mercados do National Australia Bank, “é difícil dizer se a resposta contida do mercado é melhor caracterizada por resiliência ou complacência”. Ele notou a dificuldade em prever os resultados das tarifas enquanto as negociações permanecem abertas. Apesar disso, alguns mercados asiáticos mostraram resiliência; o CSI 300, que acompanha as ações de grande capitalização da China continental, ganhou 0,3% após uma inesperada alta de 5,8% ano a ano nas exportações de junho, mesmo com as remessas para os EUA caindo quase 10%. Dados econômicos futuros, incluindo os números de gastos do consumidor, produção industrial e PIB de terça-feira, são aguardados com grande expectativa para avaliar o impacto econômico mais amplo.

Títulos do Tesouro Atraem Demanda por Segurança Em Meio à Pressão da Política Monetária

Nos mercados de renda fixa, os investidores têm se deslocado cada vez mais para títulos mais seguros do governo dos EUA. Essa demanda aumentada manteve o rendimento do Tesouro de 10 anos em torno de 4,41%, enquanto os futuros de taxas de curto prazo subiram, sinalizando expectativas de um número limitado de reduções de juros no próximo ano. Isso ocorre à medida que o Presidente Trump intensificou suas exigências por uma flexibilização monetária mais rápida do Federal Reserve, mesmo com o Presidente Jerome Powell mantendo uma postura cautelosa em relação aos cortes de juros. O conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, sugeriu recentemente que o Presidente Trump poderia considerar substituir Powell, citando gastos excessivos relacionados à reforma do edifício do Fed. O próprio Presidente declarou no domingo que “seria uma grande coisa” se Powell decidisse se afastar. A atenção do mercado está agora firmemente focada no relatório de preços ao consumidor de junho, a ser divulgado na terça-feira, que poderá oferecer as primeiras percepções sobre quaisquer pressões inflacionárias resultantes das tarifas. Relatórios adicionais sobre preços ao produtor e de importação, juntamente com novos dados de vendas no varejo, oferecerão clareza adicional sobre os custos da cadeia de suprimentos e o comportamento do consumidor.

Dinâmica de Commodities e Moedas

Os mercados de câmbio refletiram a incerteza predominante. O euro recuou 0,1% para US$ 1,1685, afastando-se das máximas da semana passada perto de US$ 1,1830. O dólar americano, por sua vez, caiu 0,2% em relação ao iene para 147,15, embora seu índice ponderado pelo comércio tenha permanecido estável em 97,882. Notavelmente, o dólar subiu 0,2% em relação ao peso mexicano para aproximadamente 18,6710, enquanto a Presidente Claudia Sheinbaum expressou otimismo por um acordo bilateral antes do prazo das tarifas no início de agosto.

O ouro, um ativo tradicional de segurança, registrou uma modesta alta, avançando 0,1% para aproximadamente US$ 3.359 a onça. O metal tem visto um renovado interesse dos investidores em meio à instabilidade geopolítica e às compras sustentadas por bancos centrais, tendo subido mais de 25% no acumulado do ano e atingido um recorde histórico acima de US$ 3.500 em abril. No início do pregão em Cingapura, o ouro à vista havia subido 0,5% para US$ 3.372,75 a onça, de acordo com dados da Bloomberg, com o Bloomberg Dollar Spot Index em alta de 0,1%. Outros metais preciosos apresentaram desempenho misto, com a prata sendo negociada perto de sua marca mais forte desde 2011, enquanto a platina e o paládio experimentaram modestos recuos. Nos mercados de energia, o petróleo ganhou suporte em meio a discussões sobre possíveis sanções dos EUA aos embarques russos. Os futuros do Brent aumentaram 0,2% para US$ 70,47 por barril, e o petróleo bruto dos EUA subiu 0,1% para US$ 68,55.