HDMI 2.1: Vale a Pena Atualizar sua TV em 2024?

Com a chegada dos consoles de nova geração no final de 2020 e a iminente estreia da série de placas gráficas RTX 30 da NVIDIA, a tecnologia HDMI 2.1 ganha uma importância sem precedentes. Surge, então, a questão: é indispensável trocar sua TV para desfrutar de todas as novidades?

Maior Largura de Banda, Mais Resolução

Atualmente, a maioria dos monitores utiliza o padrão HDMI 2.0, que possui uma largura de banda máxima de 18 Gbits por segundo. Isso possibilita a transmissão de um sinal 4K não comprimido a 60 quadros por segundo, com cores de até oito bits. Essa capacidade atende bem às necessidades da maioria dos usuários, incluindo aqueles que assistem a Blu-rays UHD ou jogam em um Xbox One X.

O HDMI 2.1 representa uma evolução, ampliando o suporte para sinais 8K não comprimidos a 60 quadros por segundo, com cores de 12 bits. Isso é viabilizado por uma taxa de transferência de 48 Gbits por segundo. Através da compressão de fluxo de exibição (DSC), o HDMI 2.1 pode inclusive transmitir um sinal 10K a 120 quadros por segundo, também em 12 bits.

É importante notar que algumas implementações do HDMI 2.1 utilizam portas com capacidade de apenas 40 Gbits por segundo. Essa taxa, embora inferior à máxima, é suficiente para lidar com um sinal 4K a 120 quadros por segundo, com cores de 10 bits, o que permite aproveitar ao máximo os painéis de 10 bits presentes em televisores de consumo.

Os gamers de PC de alta performance, atraídos pelas novas placas da série 30 da NVIDIA, podem comemorar, pois a empresa confirmou o suporte a 10 bits. Isso significa que mesmo que sua TV não possua a especificação completa de 48 Gbits por segundo, você poderá aproveitar as vantagens.

Neste momento, o HDMI 2.1 é direcionado principalmente para jogadores que adquiriram consoles de nova geração ou placas gráficas de última geração. Tanto o Xbox Series X quanto o PlayStation 5 são capazes de operar com resolução 4K a 120 quadros por segundo, o que requer a implementação do padrão HDMI 2.1.

Caso sua TV não possua suporte para HDMI 2.1, será necessário se contentar com um sinal 4K rodando a “apenas” 60 quadros por segundo. Vale lembrar que muitos jogos da geração anterior de consoles operavam a 30 quadros por segundo, sendo que o impacto dessa limitação ainda está para ser avaliado.

O HDMI 2.1 é tão recente que a NVIDIA possui apenas três novos modelos de placas da série 30 que suportam esse padrão. As placas anteriores das séries RTX 2000 e GTX 1000 não possuem compatibilidade com o HDMI 2.1. É importante ressaltar que muitos fabricantes de TV, incluindo a Sony, ainda não implementaram o HDMI 2.1 em seus modelos mais avançados.

Espera-se que o padrão HDMI 2.1 ganhe maior popularidade em 2021. Contudo, a adoção em telas de baixo custo deverá levar alguns anos.

Suporte para HDR Dinâmico

A maior largura de banda disponível também implica em mais espaço para dados brutos. O HDR, sigla para High Dynamic Range, permite uma gama mais ampla de cores em conteúdos como filmes e jogos. Padrões HDR mais antigos, como o HDR10, suportam apenas metadados estáticos. No entanto, os formatos HDR10+ e Dolby Vision, mais recentes, possibilitam a utilização de metadados dinâmicos por cena ou quadro.

O HDR dinâmico oferece à TV informações mais detalhadas sobre como processar o sinal de vídeo. Em vez de utilizar um único conjunto de instruções para todo um filme, os metadados dinâmicos fornecem à TV atualizações constantes sobre como ajustar a imagem, otimizando a qualidade visual.

Embora todas as TVs compatíveis com HDR ofereçam suporte ao HDR10 com seus metadados estáticos, o HDR dinâmico é um campo diferente. O formato mais amplamente adotado é o Dolby Vision, o preferido por fabricantes como LG, Sony, Panasonic e Philips. A Samsung opta pelo HDR10+, um formato menos comum e de código aberto (ao contrário do Dolby Vision, que é proprietário).

É importante ressaltar que não é imprescindível possuir um dispositivo HDMI 2.1 para exibir conteúdo HDR10+ e Dolby Vision, ao menos não nas resoluções 4K atuais. Se sua TV for compatível, ela reproduzirá conteúdo Dolby Vision da Netflix sem problemas.

Contudo, a longo prazo, o padrão HDMI 2.1 garante que haverá largura de banda suficiente para metadados e sinais de alta resolução com taxas de quadros elevadas.

Ainda não se sabe como o PlayStation 5 ou o Xbox Series X irão implementar o HDR, mas é provável que eles se tornem os principais campos de testes para o HDR dinâmico via HDMI nos próximos anos.

Taxa de Atualização Variável (VRR)

A taxa de atualização de uma TV indica quantas vezes o painel é atualizado a cada segundo. Essa taxa é medida em hertz e está intimamente ligada à taxa de quadros. Quando essas duas taxas estão dessincronizadas, ocorre um efeito conhecido como “screen tearing”, que é causado pela tentativa do monitor de exibir mais de um quadro simultaneamente quando o console ou PC não está pronto.

Ao ajustar a taxa de atualização da tela para corresponder à taxa de quadros do seu console ou PC, é possível eliminar o screen tearing sem perdas de desempenho. Empresas como NVIDIA e AMD possuem seus próprios métodos para lidar com o screen tearing, conhecidos como G-Sync e FreeSync, respectivamente.

O padrão HDMI 2.1 também possui sua própria solução, denominada HDMI Variable Refresh Rate (VRR). A Microsoft já confirmou que o Xbox Series X oferecerá suporte a esse recurso e espera-se que o PlayStation 5 também o faça, uma vez que o VRR é necessário para reproduzir 4K a 120 Hz.

Para uma experiência otimizada com os consoles de nova geração, o HDMI VRR é imprescindível. No caso dos jogadores de PC, é improvável que a NVIDIA e a AMD abandonem suas tecnologias existentes em favor do HDMI VRR, o que significa que o pareamento da placa gráfica com o monitor ainda será necessário.

Modo Automático de Baixa Latência (ALLM)

Outro benefício para os jogadores de console de última geração é o Modo Automático de Baixa Latência (ALLM). A maioria das TVs atuais utiliza diversos tipos de processamento para suavizar movimentos, aprimorar a qualidade da imagem e aumentar a nitidez do áudio. Embora esses recursos sejam úteis para assistir TV e filmes, eles podem introduzir latência (lag) para os jogadores.

O Modo Jogo serve justamente para minimizar esse efeito, oferecendo os tempos de resposta mais rápidos possíveis da TV. Esse recurso é especialmente útil em jogos que exigem reflexos rápidos e precisos. Contudo, muitas TVs exigem que o Modo Jogo seja ativado e desativado manualmente.

O ALLM elimina a necessidade dessa ação. Quando uma TV compatível com HDMI 2.1 detecta que um console compatível está sendo utilizado, o ALLM desativa automaticamente qualquer processamento adicional que possa causar lag. Não é necessário nenhuma ação para habilitá-lo, pois o ALLM está integrado ao padrão HDMI.

A Microsoft confirmou o suporte ao ALLM no Xbox Series X, mas ainda não há confirmação por parte da Sony.

Transporte Rápido de Quadros (QFT)

O Transporte Rápido de Quadros é outro recurso voltado para jogadores, que opera em conjunto com o ALLM para proporcionar uma experiência de jogo mais responsiva. Esse recurso prioriza os quadros de vídeo, buscando reduzir a latência ao mínimo possível.

Para desfrutar desse recurso, é importante garantir que todos os dispositivos intermediários, como um receptor de som surround, também sejam compatíveis. Isso garante que todos os seus dispositivos operem em conjunto para uma experiência fluida e responsiva. Caso seu console esteja conectado a um receptor compatível apenas com HDMI 2.0, você não poderá aproveitar os benefícios do QFT, mesmo que sua TV e console sejam compatíveis.

Troca Rápida de Mídia (QMS)

Já notou que a tela fica preta antes de começar um vídeo ou trailer? Isso ocorre porque a tela está ajustando sua taxa de atualização para corresponder à taxa de quadros do conteúdo. Como diferentes conteúdos usam taxas de quadros distintas, a tela precisa se sincronizar com cada um deles, causando um breve apagão.

Essa mudança pode fazer com que você perca os primeiros segundos de um vídeo. Alguns provedores de conteúdo atrasam o início da reprodução para compensar essa alteração. Supondo que a resolução do vídeo permaneça a mesma, o Troca Rápida de Mídia (QMS) elimina o apagão causado pelas mudanças na taxa de atualização.

Isso permite assistir conteúdos com diferentes taxas de quadros de forma contínua, sem interrupções. Esse recurso utiliza o HDMI VRR para realizar uma transição suave entre as diferentes taxas de atualização.

Canal de Retorno de Áudio Aprimorado (eARC)

ARC significa Canal de Retorno de Áudio. Ele possibilita enviar áudio por HDMI para sua barra de som ou receptor surround, sem a necessidade de um cabo de áudio óptico adicional. Seja assistindo à Netflix, jogando em um console ou assistindo a um Blu-ray, o ARC garante que o áudio seja direcionado para a saída correta.

O Canal de Retorno de Áudio Aprimorado (eARC) faz parte do padrão HDMI 2.1. A maior largura de banda do HDMI 2.1 permite que o eARC transmita áudio não comprimido 5.1, 7.1 e de alta taxa de bits ou baseado em objeto, com até 192 kHz em resolução de 24 bits. Isso é possível graças a uma largura de banda de áudio de 37 Mbits por segundo, enquanto o ARC comum oferece menos de 1 Mbit por segundo.

Caso você queira transmitir um sinal Dolby Atmos por HDMI, é imprescindível utilizar o eARC. Há também outros aprimoramentos, como correção de sincronização labial como padrão, melhor detecção de dispositivos e um canal de dados eARC dedicado.

Dispositivos HDMI 2.1 Exigem Cabos Especiais?

Devido à maior taxa de transferência de dados do HDMI 2.1, é necessário utilizar cabos compatíveis para aproveitar todos os seus recursos. O Administrador de Licenciamento HDMI aprovou uma nova etiqueta “Ultra High Speed” para esses cabos.

Qualquer dispositivo que utilize HDMI 2.1, como um console de jogos ou um leitor de Blu-ray, deve vir com um cabo compatível na embalagem. Além disso, ao comprar um cabo HDMI, é possível evitar as versões “premium” superfaturadas.

HDMI 2.1 é Prioritário Para Gamers (Por Enquanto)

Neste momento, a maioria das pessoas não necessita do HDMI 2.1. Esse padrão aprimorado beneficia principalmente os jogadores que adquiriram consoles ou placas gráficas de última geração, que desejam utilizar recursos como HDMI VRR e ALLM. Além do eARC, o novo padrão oferece poucos benefícios para entusiastas de home theater.

A Microsoft já anunciou que a parte multiplayer de Halo Infinite será executada em 4K nativo a 120 quadros por segundo, mas o jogo foi adiado para 2021. Resta esperar para ver se algum título de console atingirá essa meta.