Os smartphones dobráveis representam talvez a inovação mais peculiar e disruptiva de 2019. Mas, afinal, como essa tecnologia funciona e quando poderemos adquiri-los?
O Mecanismo por Trás da Dobra
É verdade que já tivemos telefones flip que se dobravam nos anos 90 e 2000. No entanto, agora estamos na era dos smartphones, e tentar dobrar um smartphone comum resultaria em um aparelho danificado. A menos, é claro, que seu smartphone possua uma tela OLED flexível, um display de polímero, componentes especializados e uma estrutura articulada. Os telefones dobráveis são um compêndio de tecnologia inovadora, sendo o componente mais notável a tela OLED flexível.
Os displays orgânicos de diodos emissores de luz, ou telas OLED, funcionam através da condução de eletricidade por uma rede de compostos orgânicos. São extremamente finos, flexíveis e produzem imagens vibrantes. Não necessitam de retroiluminação e oferecem cores mais intensas que as telas LED tradicionais.
Essas telas flexíveis são fabricadas principalmente pela Samsung e já fazem parte de diversos produtos. O Galaxy S7 Edge possui uma tela OLED curva, enquanto o iPhone X utiliza um display OLED da Samsung. A Sony lançou algumas TVs OLED, e a LG produz uma linha de TVs OLED que são finas como papel e ligeiramente flexíveis.
Empresas como Samsung e Royole têm desenvolvido telas OLED desde cerca de 2011, e essas telas já estão presentes em muitos produtos. Mas por que demorou tanto para que os telefones dobráveis se tornassem uma realidade? A questão é que as empresas precisaram encontrar soluções para tornar todos os outros componentes do telefone igualmente flexíveis.
O vidro, como sabemos, não é muito flexível. Por isso, os fabricantes tiveram que desenvolver telas de polímero flexíveis para esses dispositivos. Os circuitos elétricos e as baterias de íon-lítio podem incendiar-se se dobrados repetidamente, exigindo que os fabricantes encontrassem soluções para isso. As estruturas de alumínio e plástico são, em teoria, dobráveis, mas quebram após algumas dobras. Ou seja, tudo o que se encontra em um celular precisa ser repensado para um telefone dobrável.
Empresas como Samsung e Royole descobriram como flexibilizar os componentes de um telefone, caso contrário, não estariam lançando telefones dobráveis. No entanto, a tecnologia ainda está em seus estágios iniciais. Levará alguns anos para que esses dispositivos se tornem acessíveis e comuns.
Enquanto isso, só nos resta esperar que os fabricantes encontrem um nome mais apropriado para esses dispositivos. As pessoas começarão a chamá-los de “dobráveis” ou “flexifones”, o que não soa muito bem.
O Potencial Ilimitado dos Telefones Dobráveis
Quais seriam os usos dos telefones dobráveis? É difícil prever para onde essa tendência nos levará, pois os fabricantes já estão explorando a tecnologia de diversas formas.
Sabemos que alguns dispositivos, como o Samsung Galaxy F e o Royole FlexPai, se expandem para o tamanho de um tablet, o que é bastante interessante. Podem ser usados como smartphones normais no dia a dia, ou desdobrados em tablets para videoconferências ou trabalho. Telefones que também são tablets podem revolucionar a forma como consumimos mídia e facilitar o trabalho em qualquer lugar.
Há também dispositivos, como o Motorola RAZR 4, que levam a tecnologia dobrável na direção oposta. O RAZR 4 se dobra como um telefone flip, transformando um celular grande em um dispositivo muito menor. Algumas demonstrações de tecnologia revelaram telefones dobráveis que podem ser usados no pulso, e a Apple adquiriu uma patente para um telefone que se enrola como um pergaminho.
Esta tecnologia é tão nova e inovadora que os fabricantes não têm certeza de como aproveitá-la ao máximo. E isso é empolgante, pois o formato dos smartphones pode finalmente evoluir para algo maior.
Desafios Tecnológicos e Inovações
Muitos dos problemas dos smartphones tradicionais foram resolvidos. Suas telas são duráveis, as baterias têm boa duração e são fáceis de usar. Mas os telefones dobráveis nos trarão novos desafios. Eles têm telas maiores, que exigem mais energia, são feitos de materiais menos duráveis e funcionam de maneira diferente de um smartphone comum.
A maior reclamação sobre esses telefones será, provavelmente, em relação às telas de plástico. Elas não quebrarão como o vidro, e empresas como a Royole fazem questão de divulgar slogans como “diga adeus às telas quebradas“, mas essa ideia é um pouco enganadora. Lembra-se de como as telas de plástico dos iPods arranhavam no bolso? Os telefones dobráveis terão o mesmo problema. E como esses telefones são dobráveis, será difícil encontrar um protetor de tela.
A tela não é a única parte frágil de um telefone dobrável. Os fabricantes terão que abandonar as estruturas de metal ou plástico em favor de materiais que possam ser dobrados centenas de vezes por dia. As dobradiças são pontos fracos (como nos antigos telefones flip), pois geralmente são feitas de plástico e metais leves. As telas OLED também serão um problema, pois podem apresentar o efeito burn-in (como nas TVs), e o material orgânico de que são feitas é muito vulnerável à umidade.
A duração da bateria, a compatibilidade do software, os circuitos e a facilidade de uso também serão desafios para esses telefones. Mas muitos podem não se preocupar com esses problemas menores, e eles serão resolvidos antes que os telefones dobráveis atinjam um preço acessível.
Se você conseguir um telefone dobrável em 2019, estará gastando muito dinheiro em um dispositivo frágil, pesado, que consome muita energia. Lembra-se do iPad de primeira geração, que era instável? Será algo parecido. Mas a competição impulsiona o progresso tecnológico, e esses dispositivos dobráveis, se se tornarem populares, devem se tornar confortáveis e duráveis em menos de uma década.
O Futuro dos Telefones Dobráveis
No momento, o único telefone dobrável disponível é o Royole FlexPai, que custa cerca de US$ 1.318. Várias empresas estão se apressando para lançar seus telefones flexíveis o mais rápido possível (junto com a tecnologia 5G), e algumas empresas divulgarão datas de lançamento na MWC 2019, em 25 de fevereiro. É provável que o Samsung Galaxy F seja lançado este ano, mas saberemos com certeza quando a Samsung fizer um anúncio oficial em 20 de fevereiro.
A julgar pelo preço de US$ 1.318 do FlexPai, não haverá telefones dobráveis baratos em 2019. E, para ser sincero, o FlexPai não parece um dispositivo de alta qualidade. Vídeos da CES 2019 mostram que a tela do FlexPai não se encaixa perfeitamente quando dobrada.