As crescentes campanhas de drones da Rússia na Ucrânia destacam uma mudança crítica na guerra moderna, alavancando veículos aéreos não tripulados (VANTs) de baixo custo e produção em massa para sobrecarregar defesas aéreas sofisticadas. Essa estratégia impõe dilemas estratégicos e econômicos significativos para a Ucrânia e seus aliados ocidentais, sublinhando o desafio contínuo de neutralizar ameaças aéreas assimétricas em meio a um complexo regime de sanções internacionais.
- A estratégia russa baseia-se no uso massivo de drones de longo alcance, fabricados com materiais simples e custo-benefício.
- A Rússia estabeleceu um acordo de produção licenciada de drones Shahed com o Irã, desenvolvendo sua própria versão aprimorada, o Geran-2.
- Os drones são implantados em grandes números para saturar as defesas aéreas ucranianas, forçando o gasto de interceptores caros.
- Especialistas sugerem que a defesa exclusivamente baseada em mísseis é insustentável financeiramente devido à disparidade de custos entre sistemas ofensivos e defensivos.
- A Ucrânia e seus aliados ocidentais enfrentam o desafio de combater as fontes de produção de drones russas e apertar as sanções contra terceiros países que facilitam a evasão.
A Estratégia de Assalto Aéreo da Rússia
O cerne da estratégia de assalto aéreo da Rússia reside em um aumento no uso de drones de longo alcance. Fabian Hoffmann, especialista em tecnologia militar da Universidade de Oslo, observa que esses drones são relativamente simples de fabricar, frequentemente utilizando materiais básicos como madeira e compósitos leves, sendo o principal gargalo de produção os explosivos convencionais. Componentes como sistemas de navegação por satélite e unidades de medição inercial são facilmente disponíveis ou produzíveis pela Rússia nos mercados internacionais. Embora esses drones não sejam comparáveis à tecnologia militar ocidental de alta qualidade, sua eficácia reside em seu desempenho “suficientemente bom” para o propósito a que se destinam.
Evolução e Adaptação do Programa de Drones Russo
A evolução do programa de drones da Rússia começou com a importação de variantes de drones Shahed do Irã. Reconhecendo sua eficácia, Moscou estabeleceu um acordo de produção licenciada, que envolveu engenheiros iranianos auxiliando na montagem de instalações de produção dentro da Rússia e na importação de peças necessárias. Essa colaboração rapidamente evoluiu, com a Rússia desenvolvendo sua própria versão aprimorada, o Geran-2. Essas adaptações incluem melhorias funcionais e até modificações táticas, como pintar os drones de preto para complicar a intercepção noturna, posicionando a Rússia como um especialista líder em sua implantação e modificação.
Táticas de Saturação e a Resposta Ucraniana
Apesar de serem mais lentos e menos poderosos que os mísseis convencionais, esses drones são implantados em vastos números para saturar os céus e sobrecarregar os sistemas de defesa aérea da Ucrânia. Essa tática força a Ucrânia a gastar interceptores caros para combater os drones Shahed ou Geran que se aproximam, esgotando rapidamente seu arsenal defensivo. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy reconheceu o desafio, ao mesmo tempo em que indicou que seu país está ativamente expandindo sua própria tecnologia de drones interceptores para fazer frente à ameaça.
Contramedidas e Desafios Econômicos
Em resposta a essa nova onda de ataques aéreos, o presidente Donald Trump prometeu armas defensivas adicionais à Ucrânia, após uma pausa temporária nos carregamentos de armas do Pentágono, citando preocupações com os níveis de estoque dos EUA. Especialistas como Hoffmann sugerem que depender apenas de defesas antimísseis é uma proposta perdedora devido à disparidade de custos entre sistemas ofensivos e defensivos. Uma contra-estratégia mais eficaz para a Ucrânia poderia envolver o ataque aos locais de lançamento de drones e às indústrias de defesa da Rússia, incluindo fábricas que produzem componentes críticos como explosivos, chips de computador e outros produtos eletrônicos avançados. Embora as nações europeias estejam reforçando as capacidades de defesa antimísseis aéreas, as capacidades ofensivas da Rússia estão se expandindo a um ritmo mais rápido, e as armas ofensivas geralmente custam menos para produzir do que as defensivas.
Sanções e Restrições Globais
Outra dimensão crítica para o Ocidente conter a capacidade de produção de drones e mísseis da Rússia envolve o endurecimento das sanções sobre terceiros países que facilitam a evasão das restrições internacionais pelo Kremlin. Nações como Malásia e Quirguistão foram identificadas como centros para a transferência de componentes sancionados para a Rússia. No entanto, Hoffmann adverte que sanções excessivamente agressivas contra terceiros poderiam interromper as cadeias de suprimentos globais, aumentar os custos e, em última análise, prejudicar as economias dos países que impõem as sanções. Apesar dessas complexidades, o presidente Zelenskyy continua a advogar por medidas internacionais mais impactantes, pedindo especificamente “sanções severas contra o petróleo”, que ele afirma ter financiado as operações militares de Moscou por mais de três anos de conflito, conforme ele recentemente declarou no X.