A Idade Ideal para Redes Sociais: Proteja seu Filho dos Riscos Online

Permita-me auxiliá-lo na decisão sobre o momento ideal para permitir que seu filho utilize as redes sociais.

Certamente concordamos que crianças podem, por vezes, tomar decisões impulsivas.

Se as plataformas sociais conseguem influenciá-las a ingerir detergentes em cápsulas, atear fogo em si mesmas, ou despejar água fervente em colegas, torna-se evidente a necessidade de um acompanhamento mais atento de suas atividades online.

Antes de abordarmos a questão da idade apropriada para o uso de redes sociais, vamos explorar a motivação psicológica por trás desse comportamento.

É simples entender: o desejo de conectar-se com amigos, compartilhar experiências pessoais, receber feedback, entre outros. Além disso, profissionais de marketing digital utilizam essas plataformas para fins comerciais.

No entanto, deixando de lado o uso profissional, quais seriam as razões subjacentes ao uso das redes sociais?

Conforme um estudo realizado por Harvard, o recebimento de curtidas nessas plataformas pode desencadear a liberação de dopamina no cérebro. Esta substância química também é liberada quando saboreamos uma refeição deliciosa, praticamos exercícios físicos ou vivenciamos interações sociais positivas.

Essa liberação de dopamina gera uma sensação de satisfação e nos impulsiona a repetir a atividade em questão (no caso, a postagem em redes sociais), explicando, em parte, seu potencial viciante.

Consideremos agora o cenário oposto: o que ocorre quando uma postagem não recebe curtidas, enquanto as publicações de colegas são inundadas por elas?

Como adulto, é possível que sentimentos de inadequação surjam após algumas experiências semelhantes. A tendência seria tentar mais algumas vezes antes de aceitar que está tudo bem. Eles podem ser melhores em determinado aspecto. E está tudo certo! ☮️

No entanto, para uma criança, a reação pode ser a de um desejo de competição. Essa dinâmica pode explicar o comportamento de adolescentes que se envolvem em desafios perigosos e sem sentido.

Além disso, as redes sociais tendem a exibir uma representação idealizada da vida. Dificilmente veremos alguém compartilhando momentos de vulnerabilidade, como tropeçar e quebrar o nariz.

Em geral, as postagens se concentram em conquistas: promoções no trabalho, viagens memoráveis ou até mesmo fotos de bebês recém-nascidos.

Em suma, existem duas razões principais para o uso contínuo das redes sociais por pessoas comuns:

  • O recebimento de curtidas gera bem-estar e nos incentiva a continuar postando.
  • Buscamos validação social ao compartilhar nossas conquistas.

Portanto, além da conexão com amigos e da busca por informações, a atividade nas redes sociais é motivada, em grande parte, pela validação digital recebida através de curtidas.

Mas qual o preço dessa busca por reconhecimento online?

É paradoxal que uma tecnologia que aparenta unir pessoas possa contribuir para o desenvolvimento de depressão, ansiedade e solidão.

Pesquisas apontam que o uso de redes sociais pode gerar sentimentos de vazio e insegurança. Esse efeito pode ser atribuído à exposição constante a vidas aparentemente perfeitas. Mesmo que tenhamos consciência de que essa representação é parcial, a exposição repetida a essas imagens pode despertar um desejo de realizar algo extraordinário, a fim de provar nosso valor e superar a percepção de inadequação.

Ademais, estudos indicam que as redes sociais podem ter um impacto negativo na saúde mental de jovens adultos, além de prejudicar padrões de sono e aumentar a exposição a cyberbullying e boatos.

Não me interprete mal, não quero ser excessivamente pessimista em relação às redes sociais. Contudo, se acreditamos que elas podem substituir totalmente o contato social presencial… é preciso reconsiderar!

A Idade Legal para o Mundo Digital

Seria ótimo se fosse simples definir uma idade ideal. No entanto, a questão envolve leis locais, as políticas de cada plataforma e o tipo de conteúdo em questão.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças (COPPA) estabelece 13 anos como idade mínima para o uso de redes sociais. Já na Europa, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) eleva essa idade para 16 anos, permitindo que estados membros reduzam esse limite. Leis semelhantes também existem em outros países.

Além disso, certas comunidades no Reddit exigem que usuários tenham mais de 18 anos, evidenciando a relevância do tipo de conteúdo. Ou seja, não podemos simplesmente estabelecer um limite de idade genérico para todas as plataformas.

Dito isto, a Meta (empresa controladora do Facebook) reconhece que “não há uma forma infalível de impedir que pessoas mintam sobre a idade“.

É fácil criar uma conta no Google (para obter um endereço de e-mail) informando uma data de nascimento incorreta, o que garante acesso ao YouTube. Uma criança pode utilizar esse mesmo e-mail para se registrar em várias outras redes sociais. E não apenas o Google, há inúmeras outras empresas que fornecem contas de e-mail sem verificar a idade dos usuários.

Em outras palavras, as crianças podem facilmente burlar essas restrições de idade, e as empresas pouco podem fazer a respeito.

Uma possível solução seria vincular todas as contas de redes sociais a um número de telefone ou, idealmente, a um documento de identidade nacional, sem a possibilidade de reutilizar o mesmo documento para várias contas.

No entanto, como essa medida não é implementada, a responsabilidade final de decidir sobre o uso de redes sociais por crianças recai sobre os pais.

A Idade Certa?

Espere o máximo que puder”, aconselha o Dr. Mitch Prinstein, psicólogo clínico da American Psychological Association, sobre a primeira exposição de crianças às redes sociais.

“A ciência indica que os riscos para o cérebro de adolescentes superam os benefícios para a vida social”, complementa o especialista.

Além disso, os pais não devem ceder à pressão para que os filhos não se sintam excluídos. Não há nenhuma evidência de que uma criança sofrerá por não participar de redes sociais, conforme o mesmo relatório da CNBC.

O momento ideal para começar depende da maturidade emocional individual, que nem sempre corresponde à idade cronológica. É aconselhável começar gradualmente, com um limite inicial de 15 a 20 minutos por dia, observando os efeitos posteriores e ajustando a partir daí.

Em minha experiência pessoal, meu filho de 3 anos demonstrava grande irritabilidade quando comecei a permitir 30 minutos diários de TV (desenhos infantis). Interrompi essa prática, tentei novamente algumas vezes com intervalos de alguns meses, mas o resultado era o mesmo: ele se mostrava mais infeliz e irritadiço na maior parte do tempo.

Por fim, limitei o tempo de tela a 30 minutos por semana, e as coisas melhoraram.

Se esse é o efeito de uma simples sessão de TV, que é muito menos prejudicial do que a navegação interminável nas redes sociais, minha opinião pessoal é que as telas, em geral, não fazem bem às pessoas.

Redes Sociais: Quanto Menos, Melhor

As redes sociais não são totalmente negativas e é praticamente impossível evitá-las por completo.

Uma opção é utilizar aplicativos de controle parental, que auxiliam na proteção online dos filhos.

Além disso, incentive seus filhos a se socializarem com mais frequência e a conhecer pessoas da forma tradicional. Isso lhes permitirá vivenciar a diferença entre a vida real e a representação idealizada das redes sociais.

Por fim, como pai, converse com seu filho sobre o assunto. Explique que as redes sociais são plataformas onde as pessoas exibem seus melhores momentos, ocultando suas falhas e fracassos. É como um filme inspirado em eventos reais, onde se destaca uma versão idealizada da verdade, sem mencionar os desafios e dificuldades da vida real.