As capacidades de previsão de furacões dos Estados Unidos enfrentam uma potencial degradação significativa com a desativação iminente dos satélites do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa (DMSP). Estes ativos, embora antigos, são cruciais por fornecerem informações únicas sobre o desenvolvimento de ciclones tropicais, e a sua cessação representa um desafio para os meteorologistas à medida que a temporada de furacões do Atlântico de 2025, projetada para ser acima da média, se aproxima de sua fase mais ativa. A situação sublinha questões de longa data no planeamento e financiamento de infraestruturas satelitárias estratégicas, com implicações diretas para a segurança pública e a resiliência económica.
- A desativação iminente dos satélites DMSP ameaça as capacidades de previsão de furacões dos EUA.
- Os sensores SSMIS do DMSP são vitais para penetrar nuvens de tempestade e identificar a intensificação rápida.
- A coleta de dados do DMSP será encerrada a partir de 31 de julho de 2025, por decisão iniciada em junho de 2025.
- As razões incluem mitigação de risco cibernético e o facto de os satélites terem excedido largamente a sua vida útil.
- Novos satélites substitutos oferecem resolução de dados inferior ou têm disponibilidade incerta para uso civil.
- A situação reflete falhas sistémicas no desenvolvimento e financiamento de programas satelitários de longo prazo.
A Importância da Tecnologia SSMIS do DMSP
No cerne da preocupação estão os instrumentos Specialized Sensor Microwave Imager/Sounder (SSMIS) da constelação DMSP. Ao contrário das imagens de satélite convencionais visíveis ou infravermelhas, que oferecem apenas vistas ao nível da superfície ou do topo das nuvens, a tecnologia SSMIS permite aos meteorologistas “ver” o interior das nuvens de tempestade. Esta capacidade é indispensável para localizar com precisão o centro de baixa pressão de um furacão e identificar sinais precoces de intensificação rápida – um fenómeno em que as tempestades ganham força rapidamente, elevando significativamente os riscos para as comunidades costeiras. Tais dados detalhados têm sido fundamentais para melhorar as previsões de trajetória de furacões em até 75% desde 1990, e o seu papel na previsão da intensificação rápida, uma característica de aproximadamente 80% dos grandes furacões, é primordial para avisos e ordens de evacuação oportunos.
Decisão e Justificativa para a Desativação do DMSP
A decisão de terminar a coleta de dados do DMSP foi iniciada pela administração Trump através de um aviso de alteração de serviço em 25 de junho de 2025, com uma data efetiva inicial de 30 de junho, posteriormente adiada para 31 de julho de 2025. As razões declaradas para esta rescisão incluem a mitigação de um risco significativo de cibersegurança e o facto de os satélites, lançados entre 1999 e 2009, terem excedido em muito a sua vida útil operacional projetada de cinco anos, estando ativos há mais de 15 anos. A Força Espacial dos EUA já havia projetado o seu fim de vida entre 2023 e 2026, indicando a sua iminente obsolescência.
Desafios na Substituição de Capacidades Críticas
Os esforços para substituir as capacidades do DMSP enfrentaram desafios. Embora satélites mais recentes, como NOAA-20, NOAA-21 e Suomi NPP, transportem instrumentos Advanced Technology Microwave Sounder (ATMS), a resolução dos seus dados é inferior à do SSMIS do DMSP, fornecendo uma visão menos detalhada para a análise crítica de tempestades. Além disso, a Força Espacial dos EUA começou a utilizar dados de um novo satélite de meteorologia de defesa, ML-1A, no final de abril de 2025, mas a sua disponibilidade de dados para meteorologistas civis, incluindo os do Centro Nacional de Furacões, permanece oficialmente não anunciada. Esta incerteza deixa uma potencial lacuna em dados de observação vitais para a previsão operacional.
Questões Sistêmicas no Desenvolvimento de Programas de Satélites
A situação atual destaca problemas sistêmicos no desenvolvimento e financiamento de programas de satélites de longo prazo. Os programas de satélites são empreendimentos complexos e caros, que exigem planeamento ao longo de décadas. Apesar de os planos para a substituição do DMSP estarem em andamento desde o início dos anos 2000, atrasos no desenvolvimento e cortes significativos de financiamento levaram ao cancelamento de programas sucessores como o National Polar-orbiting Operational Environmental Satellite System e o Defense Weather Satellite System em 2010 e 2012, respetivamente. Embora o pedido de orçamento da NOAA para 2026 inclua um aumento de financiamento para satélites geoestacionários de próxima geração, a lacuna operacional imediata continua a ser uma preocupação.
Potenciais Consequências para a Temporada de Furacões de 2025
Com os meteorologistas a preverem uma temporada de furacões no Atlântico de 2025 acima da média, a ausência de dados DMSP, juntamente com outras reduções nos dados e recursos meteorológicos, poderá ter consequências tangíveis. Embora os meteorologistas continuem a utilizar todas as ferramentas disponíveis – incluindo radar, balões meteorológicos e dados de dropsonde – a perda de imagens detalhadas de satélite de micro-ondas para a análise da estrutura interna das tempestades poderá complicar a precisão das previsões de furacões, aumentando potencialmente a exposição pública a riscos de tempo severo e impactando a preparação económica para grandes eventos de tempestade.